Beirute - "Vários soldados sírios morreram" na madrugada desta quinta-feira (4/10) devido ao bombardeio da artilharia turca contra a região de Rasm al-Ghazal, próxima à cidade de Tall al Abyad, na fronteira entre Síria e Turquia, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.
O Exército turco bombardeou posições sírias durante a madrugada e retomou o ataque na manhã desta quinta-feira em represália à morte de cinco civis em um povoado na Turquia por disparos provenientes do território sírio.
[SAIBAMAIS]"Os disparos de artilharia foram retomados esta manhã (3h GMT de quinta)", disse um oficial turco, que pediu para não ser identificado.
Durante a madrugada desta quinta-feira, baterias da artilharia turca baseadas em Akçakale, na zona da fronteira, castigaram a região em torno do posto fronteiriço de Tall al Abyad, recente palco de combates entre tropas leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, e rebeldes do Exército Sírio Livre.
A Turquia já havia bombardeado na quarta-feira objetivos na Síria para responder aos disparos de artilharia sírios que mataram cinco civis na região da fronteira comum, em um incidente que a ONU e os aliados de Ancara atribuíram ao regime em Damasco.
Esta escalada entre os dois vizinhos teve início na tarde de quarta-feira, quando disparos de morteiro atingiram Akçakale, matando cinco civis e ferindo outros dez, segundo o governador da província de Sanliurfa, Celalettin Guvenc.
O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, admitiu que o Exército bombardeou a Síria como represália pelo ataque a seu território.
Erdogan pedirá ao Parlamento turco que autorize operações militares do lado sírio na fronteira comum, segundo os meios de comunicação em Ancara. A Constituição turca prevê que qualquer operação militar no exterior deve ser autorizada pelo Parlamento.
O embaixador de Ancara nas Nações Unidas, Ertugrul Apakan, pediu ao Conselho de Segurança que adote as "medidas necessárias" para deter "este ato de agressão por parte da Síria contra a Turquia".
Em carta dirigida ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e ao embaixador da Guatemala, Gert Rosenthal, que ocupa a presidência rotativa do Conselho de Segurança, Apakan afirma que o ataque "constitui uma violação flagrante do direito internacional, assim como uma violação da paz e da segurança internacionais". "A Turquia exige o fim imediato destas violações" e pede a adoção "das medidas necessárias para acabar com estes atos de agressão e para garantir que a Síria respeite a soberania, a integridade territorial e a segurança da Turquia".
A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, disse que os Estados Unidos estão "indignados com os disparos sírios contra o outro lado da fronteira (...) e lamentam as perdas de vidas humanas do lado turco".
Os países membros da Otan manifestaram sua solidariedade a Ancara em uma reunião de emergência convocada em Bruxelas: "a Aliança continua ao lado da Turquia e pede o fim imediato de tais atos agressivos contra um aliado e que o regime sírio ponha fim às flagrantes violações da lei internacional".
"O bombardeio mais recente que causou a morte de cinco cidadãos turcos e feriu muitos outros, constitui uma fonte de grande preocupação e é fortemente condenada por todos os aliados", acrescentou.
Mais cedo, o chefe da Otan, Anders Fogh Rasmussen, conversou com o ministro das Relações Exteriores turco, Ahmed Davutoglu, para expressar "sua forte condenação do incidente em Akcakale", disse um porta-voz.
O incidente é o mais grave entre os vizinhos desde junho, quando a Síria derrubou um caça turco causando a morte de duas pessoas da tripulação. Na ocasião, Ancara levou a questão à Otan.