Lima - Os chefes de Estado e de Governo da América do Sul e dos Países Árabes (ASPA) reunidos nessa terça-feira (2/10), em Lima, se comprometeram a avançar para uma maior integração política e comercial entre os dois blocos, ao final de um encontro dominado pela crise na Síria.
A grave situação na Síria e a necessidade de intervenção da comunidade internacional para deter a violência foi o assunto principal da reunião em Lima, mas a questão não apareceu no comunicado final do encontro. O presidente peruano, Ollanta Humala, encerrou a III Cúpula da ASPA com uma declaração que destacou "o apoio de todas as nações ao direito do povo palestino à independência e a viver em paz e segurança".
[SAIBAMAIS]A "Declaração de Lima: paz com investimento" não foi entregue à imprensa por problemas na redação, mas entre os principais aspectos lidos por Humala não está a guerra na Síria, tema para o qual o secretário da Liga Árabe, Nabil El-Araby, pediu especial atenção.
"A declaração conjunta de Lima se afirma em conceitos sobre a paz, o desarmamento, a não proliferação de armas nucleares, o respeito aos direitos humanos e o repúdio a qualquer forma de terrorismo", disse Humala ao encerrar a reunião.
"A cúpula aceitou a proposta dos países árabes sobre um desarmamento nuclear na região do Oriente Médio", destacou o ministro das Relações Exteriores do Iraque, Hoshyar Zebari, ao falar em nome do bloco.
Durante o encontro, Nabil El-Araby, advertiu que "as consequências da crise síria podem ser catastróficas, e não apenas para a Síria, mas para todo o mundo árabe". "Temos que trabalhar para pôr fim à violência na Síria. Todas as iniciativas (de paz) não surtiram efeito. É preciso conter a hemorragia. Não encontramos soluções para desbloquear a crise de uma perspectiva política".
A presidente Dilma Rousseff estimou que "os países sul-americanos e árabes podem intervir na crise síria a fim de que todas as partes aceitem o caminho da paz e do diálogo, que é o único que pode dar uma solução para este conflito". A cúpula também foi marcada por uma inesperada tensão entre os governos de Bolívia e Chile, após declarações de seus respectivos presidentes sobre as reivindicações marítimas bolivianas.
O líder boliviano, Evo Morales, disse que "o governo do Chile não é apenas uma ameaça para a Bolívia, mas também para o Peru". "O Chile é um perigo para a região". Morales reagia às declarações do presidente chileno, Sebastián Piñera, sobre a decisão do Chile de "fazer respeitar os tratados assinados" e defender "com toda a força do mundo" o território chileno.
O presidente do Líbano, Michel Sleiman, revelou a disposição de seu país para "desempenhar um papel ativo na região" visando favorecer as trocas comerciais incentivadas pela cúpula, e propôs criar uma secretaria-geral com sede em seu país. "A secretaria-geral (da ASPA) pode ter sua sede no Líbano. Estamos prontos para trabalhar para que essa ideia seja bem sucedida", afirmou a respeito da possibilidade de criação desse órgão que dê seguimento às propostas do grupo.
Sleiman defendeu "a criação de um banco de investimento (da ASPA), integrado pelos bancos nacionais, para financiar projetos comuns de ambas as regiões".
As relações comerciais entre sul-americanos e árabes cresceram consideravelmente desde que essas cúpulas regionais começaram em 2005, disse secretário-geral da Liga Árabe: "Avançamos de forma espetacular desde 2005: as trocas comerciais entre as duas regiões cresceram em mais de 30 bilhões de dólares" até 2012.