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Cúpula América do Sul-Países Árabes começa com promessas de integração

Lima - A III Cúpula de Chefes de Estado e de Governo de América do Sul e Países Árabes (ASPA) começou nesta terça-feira (2/10) em Lima com promessas de maior integração política e comercial entre os dois blocos e apelo pelo fim da violência na Síria.

"O mundo árabe e a América do Sul atravessam um momento que permite pensar em um futuro promissor para nossos cidadãos", disse o presidente do Peru, Ollanta Humala, ao abrir o encontro em que participam 32 nações de ambos os blocos.

A grave situação na Síria e a necessidade de uma intervenção da comunidade internacional para conter a violência foi um assunto central dos discursos de abertura.

"As consequências da crise na Síria podem ser catastróficas, não só para a Síria, mas para todo o mundo árabe. Temos que trabalhar para pôr fim à violência na Síria", disse o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil el Araby, durante a sessão inaugural.

"Todas as iniciativas (de paz) não surtiram efeito. (Temos) que conter a hemorragia. Não encontramos soluções para desbloquear a crise de uma perspectiva política", relembrou o alto funcionário ao evocar o papel das Nações Unidas.

A presidente Dilma Rousseff declarou que "os países sul-americanos e árabes podem intervir na crise síria a fim de que todas as partes aceitem o caminho da paz e do diálogo, que é o único que pode dar uma solução para este conflito".

Os ministros das Relações Exteriores da América do Sul e dos países árabes trabalham desde segunda-feira no documento final da "Declaração de Lima", que será assinado por presidentes e representantes de ambas as regiões no encerramento da cúpula.

A cúpula é realizada em um momento de efervescência política no mundo árabe por causa da guerra civil na Síria e, do lado sul-americano, por uma inesperada tensão de última hora entre os governos boliviano e chileno por declarações de seus respectivos presidentes sobre as reivindicações marítimas bolivianas.

O presidente boliviano, Evo Morales, disse na segunda-feira que "o governo do Chile não é apenas uma ameaça para a Bolívia, mas também para o Peru".

"O Chile é um perigo para a região", afirmou ao se referir a seu homólogo chileno, Sebastián Piñera.

Piñera tinha dito em Santiago que, como presidente, faria "que os tratados que o Chile assinou fossem respeitados" e defenderia "com toda a força do mundo" o território chileno.

"Uma das coisas que o Peru discutiu mais intensamente foram as questões do desarmamento e da resolução pacífica dos conflitos", disse o chanceler peruano, Rafael Roncagliolo, sobre as iniciativas peruanas na cúpula.

A guerra civil na Síria e a situação política no Paraguai, ausentes na cúpula por estarem suspensos em seus respectivos blocos, devem constar na declaração final.

[SAIBAMAIS] O presidente do Líbano, Michel Sleiman, disse que seu país "está disposto a desempenhar um papel ativo na região" para favorecer as trocas comerciais incentivadas por esta cúpula interregional e propôs criar uma secretaria-geral com sede em seu país.

"A secretaria-geral (da ASPA) pode ter sua sede no Líbano. Estamos prontos para trabalhar para que essa ideia seja bem sucedida", afirmou a respeito da possibilidade de criação desse órgão que dê seguimento às propostas da ASPA.

Ele disse também que "a criação de um banco de investimento (da ASPA), integrado pelos bancos nacionais, pode financiar os projetos comuns de ambas as regiões".

As relações comerciais entre sul-americanos e árabes cresceram consideravelmente desde que essas cúpulas regionais começaram em 2005, disse secretário-geral da Liga Árabe: "Avançamos de forma espetacular desde 2005: as trocas comerciais entre as duas regiões cresceram em mais de 30 bilhões de dólares" até 2012.