Nova York - Em uma demonstração de intensa diplomacia depois dos violentos protestos contra os Estados Unidos no mundo árabe, a secretária de Estado, Hillary Clinton, se reuniu nesta segunda-feira (24/9) com líderes dessa região e pediu ao mundo para se manter unido diante dos "extremistas".
"Todos nós temos que estar unidos para resistir a estas forças e apoiar as transições democráticas que estão ocorrendo no norte da África e no Oriente Médio", disse Clinton na véspera da abertura da Assembleia Geral da ONU em Nova York. "Os habitantes do mundo árabe não tentavam trocar a tirania de um ditador pela tirania de uma multidão desordenada. É preciso dignidade", disse em uma conferência na fundação Iniciativa Global Clinton, criada por seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.
Hillary Clinton destacou o exemplo da população de Benghazi, leste da Líbia, que, na sexta-feira (21/9), expulsou militantes ligados ao ataque de 11 de setembro da sede diplomática americana nessa cidade, que havia provocado a morte do embaixador Chris Stevens e outros três norte-americanos. "Os habitantes de Benghazi enviaram uma mensagem clara e ressonante na sexta-feira, quando expulsaram energicamente os extremistas que estavam lá e reivindicaram a honra e a dignidade dessa corajosa cidade", declarou.
"Nas ruas, lamentaram a morte do embaixador Chris Stevens, amigo e defensor de uma Líbia livre, e de seus colegas", afirmou. "A unidade da comunidade internacional é crucial. Porque os extremistas do mundo se esforçam para nos dividir", acrescentou Hillary à margem das reuniões com os chefes de Estado do Paquistão, Líbia, Afeganistão e Egito. As novas autoridades líbias passaram à ação contra os grupos que não se integraram às instituições estatais após a queda de Muamar Kadhafi em 2011, depois da sangrenta rebelião popular contra milicianos islamitas em Benghazi, que deixou onze mortos e dezenas de feridos.
Nesse sentido, o novo presidente líbio, Mohamed al-Megaryef, prometeu em Nova York que seu país não será um fardo para a comunidade internacional. "Não seremos um fardo", disse Megaryef depois de manifestar suas condolências pelo ataque contra o consulado norte-americano em Benghazi. Esse ataque "foi muito doloroso, uma imensa tragédia, não apenas para o povo americano e as famílias das vítimas, mas também para o povo líbio", continuou.
A violência das últimas semanas no mundo árabe foi desencadeada por um filme anti-Islã, que os muçulmanos afirmam denegrir sua religião. No Paquistão, 21 pessoas morreram e mais de 200 ficaram feridas na sexta-feira quando a polícia paquistanesa dispersou manifestantes frente às missões diplomáticas norte-americanas. Nesta segunda, Hillary Clinton agradeceu ao presidente do Paquistão, Asif Ali Zardari, pela resposta do governo aos violentos protestos.
"Apreciamos a firme resposta de seu governo", disse Clinton a Zardari, a quem se referiu como "meu amigo". O chefe de Estado paquistanês afirmou que a onda de violência "foi um momento difícil para todos nós".