Charlotte - Uma simples pergunta sobre a economia pode expor o "calcanhar de Aquiles" do presidente americano, Barack Obama, que tenta convencer os eleitores a renovar seu mandato na Casa Branca: "o país está melhor que há quatro anos?".
A questão fundamental é que a resposta da maioria dos americanos para esta pergunta é que a situação econômica piorou nos Estados Unidos durante o primeiro mandato de Obama.
Quando assumiu o cargo em janeiro de 2009, o desemprego atingia 7,8% dos americanos e hoje o índice subiu para 8,3% da população ativa, após ter chegado a 10% durante o auge da crise.
Uma a cada 686 residências estava sob processo de penhora em julho, segundo a consultoria RealtyTrac, enquanto o Gallup aponta que 43% dos americanos consideram que as condições econômicas atuais são ruins e que dois a cada três cidadãos pensam que a situação vai piorar.
Segundo o centro de pesquisas Pew, 49% dos adultos americanos se consideram hoje na classe média, contra 53% em 2008.
A convenção do Partido Democrata começa nesta terça-feira, na Carolina do Norte, onde Obama será oficialmente designado candidato à reeleição em 6 de novembro.
Os democratas precisarão explicar agora aos eleitores por que há quatro anos venceram com o discurso de "esperança" e "mudança" e o panorama está tão sombrio hoje.
"Vamos utilizar esta convenção para responder as perguntas, vamos ter uma conversa honesta sobre onde estava o país em 2008", disse o porta-voz da Casa Branca Ben LaBolt.
"Há quatro anos, a economia nacional "perdia 800 mil empregos ao mês e 3,5 milhões nos seis meses anteriores à chegada de Obama à Casa Branca" e o setor industrial estava em decadência, especialmente a indústria de automóveis.
O argumento da "herança maldita" parece ter certa influência sobre o eleitorado.
Uma recente pesquisa do instituto Pew mostrou que 44% dos eleitores da classe média atribuem ao governo do republicano George W. Bush o estado atual da economia, contra 34% que culpam a administração de Obama.
Um debate honesto sobre os últimos quatro anos deverá levar em conta os progressos realizados, assim como as tempestades e o fato de a Casa Branca ter uma influência limitada sobre a solução dos problemas econômicos.
Os preços do petróleo subiram devido à "primavera árabe", o comércio exterior se viu duramente afetado pelo tsunami no Japão e a crise fiscal atingiu intensamente a Europa.
No plano interno, a Câmara de Representantes, dominada pela oposição republicana, bloqueou as tentativas do governo democrata de estimular a economia, o que teria contribuído para acelerar a recuperação do país, afirmam especialistas.
Segundo a agência de classificação de risco Fitch, as políticas federais conseguiram nos dois últimos anos fazer a economia avançar 4%, "o que contribuiu para se evitar uma recessão mais longa e profunda".
Mas o discurso de Obama na convenção democrata, na noite da próxima quinta-feira, não deve falar do passado e sim do futuro, atraindo os eleitores para mais quatro anos com o atual governo.