O objetivo de Henrique Capriles Radonski, 40 anos, não é fácil: tirar da Presidência da Venezuela Hugo Chávez ; há quase 14 anos no poder e com a intenção de permanecer no Palácio de Miraflores até 2019. O advogado e ex-governador do estado de Miranda não parece se importar com o desafio. Conhecido como ;o magro;, Capriles, único candidato da oposição para as eleições de 7 de outubro, tanto insistiu que, há pouco mais de uma semana, apareceu pela primeira vez na frente do líder bolivariano em uma pesquisa de intenção de votos. Um levantamento divulgado em 23 de agosto pelo Instituto Consultores 30.11 apontou que Chávez seria a escolha de 57% dos eleitores, com 23,3 pontos percentuais à frente do jovem candidato da coligação Mesa da Unidade Democrática (MUD). No entanto, uma pesquisa publicada no dia seguinte, pela empresa Consultores 21, mostrou resultados bem distintos. A intenção de votos para Capriles seria de 47,7%, enquanto o presidente, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), contaria com o apoio de 45,9% do eleitorado.
Aos 25 anos, Capriles foi eleito o mais jovem deputado do país. Em seguida, tornou-se prefeito do município de Baruta (leste de Caracas) e, depois, governador de Miranda ; cargo do qual se afastou em junho para disputar as eleições. O candidato cuja estratégia é viajar por todo o território venezuelano, a fim de angariar o apoio dos indecisos, concedeu uma entrevista exclusiva ao Correio, por e-mail. Ele mostrou-se confiante na vitória e lembrou que não perdeu nenhuma das três eleições das quais participou. ;A verdadeira pesquisa será feita em 7 de outubro, quando fecharem as mesas eleitorais;, destacou o filho de uma das famílias mais tradicionais e ricas da Venezuela. Capriles não disse a palavra ;eu; uma única vez na entrevista. Trocou-a por ;nós;, de modo que todas as respostas parecem englobar seu partido e a população venezuelana. Caso se torne presidente, o candidato afirma que o país se tornará a ;Venezuela do progresso;.
A maioria das pesquisas de intenção de voto na Venezuela mostra que a vantagem de Chávez sobre o senhor está diminuindo, embora ele lidere com folga. Qual é sua opinião sobre essas pesquisas?
As enquetes do governo dizem o mesmo que há três anos, quando me lancei ao governo de Miranda e me mostravam como perdedor. Não apenas fui o vencedor como ganhei de quem mais tinha poder dentro do oficialismo naquela época (o candidato chavista Diosdado Cabello). Confio na força do povo quando ele quer uma mudança. A verdadeira pesquisa será feita em 7 de outubro, quando as mesas eleitorais forem fechadas. Tempos melhores virão para a nossa Venezuela. Nossa gente venceu o medo e, em 7 de outubro, as portas do futuro se abrirão. Essa é uma terra com ânsia de progresso e estamos no caminho correto.
Quais são as maiores diferenças entre o senhor e seu adversário, o presidente Hugo Chávez?
A primeira coisa que diferencia nossa proposta da do candidato do governo é o discurso violento e de divisão ao qual eles nos acostumaram nesses 14 anos. Nós, venezuelanos, estamos cansados de tantas brigas, queremos um governo que trabalhe para resolver os problemas que afetam a todos. Não somos ególatras nem queremos usar a presidência para salvar o planeta. Vemos a presidência como um serviço público para resolver os problemas dos venezuelanos e criar um ambiente de paz e de segurança, no qual (os venezuelanos) possam realizar suas aspirações pessoais e coletivas. Estamos percorrendo o país casa por casa, povoado por povoado, escutando todos os venezuelanos e temos uma grande disposição de trabalhar em equipe e de convocar os melhores, independentemente de sua tendência política.