Teerã - O Irã manifestou neste domingo (26/8) seu desejo de solicitar apoio na 16; Cúpula do Movimento de Países Não-Alinhados (MPNA) para seu polêmico programa nuclear, na reunião que se celebrará nos dias 30 e 31 de agosto em Teerã, na qual abordará a crise palestina e o conflito na Síria.
O ministro iraniano de Relações Exteriores, Alí Akbar Salehi, pediu aos Não-Alinhados para que se opusessem às sanções internacionais contra o Irã por seu programa nuclear, durante as reuniões preparatórias desta reunião, a qual assistirão os representantes de uma centena de países.
"Os Não-Alinhados deveriam se opor duramente às sanções unilaterais de certas nações contra alguns de seus membros", disse Salehi, que pediu apoio para a defesa dos "direitos nucleares legítimos" de Teerã frente aos ocidentais.
Salehi pediu ainda aos Não-Alinhados para que tomassem medidas efetivas contra os atos terroristas realizados por governos com o apoio de potências ocidentais, referindo-se ao assassinato de vários cientistas nucleares iranianos desde 2010.
Teerã acusou os serviços secretos israelenses, norte-americanos e britânicos de estar por trás destes atentados.
Apesar de não reconhecer o Estado de Israel, Teerã convidou à reunião o chefe da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, que reconhece ao país, e excluiu ao movimento islamita Hamas, seu principal aliado palestino.
Diante disso, o primeiro-ministro do governo de Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, desistiu de participar na cúpula, conforme anunciou um site ligado ao movimento islamita palestino.
O Centro de Informação Palestino (PIC) explicou que a decisão de não enviar uma delegação do Hamas a Teerã "estava motivada, antes de tudo, pela vontade de garantir a unidade das fileiras palestinas, de não perpetuar a divisão e nem fazer de Gaza uma entidade separada".
No sábado, presidente palestino Mahmud Abbas havia ameaçado boicotar a cúpula se Haniyeh estivesse presente em Teerã.
[SAIBAMAIS]O Egito defendeu neste domingo sua ideia de um grupo regional de contato sobre a Síria que incluiria o Irã, afirmando que Teerã poderia "formar parte da solução" à crise.
"Se este grupo tiver êxito, o Irã formará parte da solução e não do problema", disse o porta-voz da presidência egípcia, Yaser Alí.
O Irã, principal aliado na região do regime de Bashar al-Assad, também anunciou que aproveitará esta ocasião para defender sua posição sobre a crise síria. Mantendo-se até agora a margem das discussões sobre a Síria, o governo iraniano fará uma "proposta" para tentar resolver o conflito.
O primeiro-ministro sírio Wael al Halqi e o chefe da diplomacia Walid Mualem participarão na cúpula, segundo um dirigente iraniano que está de visita a Damasco.
Ao todo, espera-se que participem desta reunião 36 chefes de Estado ou de governo e 40 ministros ou funcionários de alto escalão, entre eles o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o novo presidente egípcio, Mohamed Mursi.
Os dirigentes iranianos classificaram a reunião de "maior evento diplomático da história do Irã" e com ele querem demonstrar que não estão tão isolados na cena internacional como afirmam os ocidentais.