Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, ameaçou nesta segunda-feira (22/8) o Reino Unido com "respostas contundentes" caso as autoridades britânicas invadam a embaixada equatoriana em Londres para deter Julian Assange, destacando que Quito "não está só" nesta questão.
"Haveria respostas muito contundentes caso o Reino Unido se atrevesse a violar a soberania equatoriana na embaixada do Equador" para deter Assange, fundador do site WikiLeaks, disse Chávez durante um ato transmitido pela TV estatal VTV.
"Sugiro ao governo (britânico) que pense muito bem porque terminaram aqueles tempos nos quais os velhos impérios e os novos faziam conosco o que queriam. O Equador não está só".
Chávez, aliado do presidente equatoriano, Rafael Correa, não especificou que tipo de ação planeja adotar, mas destacou que está "preparado".
O Equador anunciou na semana passada a concessão de asilo diplomático a Assange por considerar que existem riscos para sua integridade e sua vida em consequência das revelações feitas no site Wikileaks.
Quito aceitou os argumentos de Assange, que denuncia uma perseguição política de vários países, principalmente dos Estados Unidos, devido à divulgação de centenas de milhares de comunicados diplomáticos e documentos de Washington sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão.
O fundador do site WikiLeaks entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho, depois de esgotar todas as opções legais contra um pedido de extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o que ele nega.
Na quarta-feira passada, o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, denunciou a ameaça das autoridades britânicas de invadir a sede diplomática equatoriana em Londres.
"Recebemos por parte do Reino Unido uma ameaça expressa e por escrito de que poderão invadir nossa embaixada em Londres caso o Equador não entregue Julian Assange. O Equador rejeita, nos termos mais enérgicos, a ameaça explícita presente em uma comunicação oficial britânica" entregue à chancelaria em Quito.
O Foreign Office reagiu às declarações de Patiño afirmando que apenas "chamou a atenção do Equador sobre as disposições da legislação britânica, entre elas as garantias sobre os direitos humanos em nossos processos de extradição e o status legal das sedes diplomáticas", em referência à lei de 1987 que permite, em certas condições, suspender a imunidade.