Washington - O governo dos Estados Unidos disse nesta sexta-feira (17/8) que não reconhece o "asilo diplomático" que o Equador concedeu ao australiano Julian Assange, fundador do site WikiLeaks refugiado na embaixada equatoriana em Londres.
"Os Estados Unidos não integram a Convenção de 1954 da OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre asilo diplomático e não reconhecem o conceito de asilo diplomático como uma questão do direito internacional", destaca o departamento de Estado.
O Equador anunciou na quinta-feira a concessão de asilo diplomático a Assange por considerar que existem riscos para sua integridade e sua vida em consequência das revelações feitas no site Wikileaks.
Quito aceitou os argumentos de Assange, que denuncia uma perseguição política de vários países, principalmente dos Estados Unidos, devido à divulgação de centenas de milhares de comunicados diplomáticos e documentos de Washington sobre as guerras do Iraque e do Afeganistão.
O fundador do site WikiLeaks entrou na embaixada do Equador em Londres no dia 19 de junho, depois de esgotar todas as opções legais contra um pedido de extradição à Suécia, onde é acusado de crimes sexuais, o que ele nega.
[SAIBAMAIS]"A convenção sobre asilo diplomático" da OEA de 29 de dezembro de 1954 estipula que o "asilo é concedido em missões diplomáticas a pessoas perseguidas por razões políticas", exceto aquelas "acusadas ou julgadas por crimes comuns", afirmou o departamento americano de Estado.
"Acreditamos que trata-se de um assunto bilateral entre Equador e Grã-Bretanha e que a OEA não tem qualquer papel nesta questão".
A OEA decidiu nesta sexta-feira convocar a reunião de chanceleres, solicitada por Quito, para discutir a situação gerada pelo asilo diplomático concedido a Assange. O encontro será no dia 24 de agosto.
O pedido de reunião extraordinária foi realizado após o anúncio do governo britânico de que não permitirá a saída do país de Assange, refugiado na sede diplomática equatoriana em Londres.
Apesar de Washington não aderir à Convenção de 1954, já utilizou várias vezes a imunidade em suas missões diplomáticas para proteger militantes em países considerados não democráticos, como a China.