Tóquio - Dois ministros japoneses visitaram nesta quarta-feira (15/8) o controverso santuário Yasukuni de Tóquio, em ocasião do 67; aniversário da rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial, um gesto que provocou duras reações da China e da Coreia do Sul.
Jin Matsubara, ministro da Segurança Pública, e Yuichiro Hata, ministro dos Transportes, visitaram o santuário xintoísta, venerado pelas setoress nacionalistas japoneses, mas considerado no restante da Ásia o símbolo do passado militarista nipônico.
No santuário estão inscritos os nomes de 14 criminosos de guerra japoneses condenados pelos Aliados no final da Segunda Guerra Mundial, que em 1978 foram adicionados de modo secreto à lista de 2,5 milhões de soldados mortos em batalhas pelo Japão.
Esta é a primeira visita de ministros japoneses ao santuário desde a chegada ao poder do Partido Democrata do Japão (PDJ, centro-esquerda), há três anos. "Penso em nossos antepassados que estabeleceram as bases da riqueza do Japão atual", afirmou Matsubara à imprensa no santuário, que fica perto do palácio imperial.
Matsubara preside a Comissão Nacional de Segurança Pública e, portanto, comanda a polícia, mas também é o ministro responsável pela questão dos japoneses sequestrados pela Coreia do Norte nos anos 1970 e 1980.
O ministro afirmou que visitou o santuário "como qualquer japonês" e em "caráter privado". Quando o governo de Yoshihiko Noda assumiu o poder, em setembro do ano passado, seu gabinete se comprometeu a "não visitar Yasukuni de maneira oficial".
Em outro memorial em Tóquio, o primeiro-ministro Noda disse que o Japão provocou "danos e sofrimentos importantes a vários países, principalmente aos povos asiáticos". "Lamentamos profundamente", completou.
Pouco depois da visita, o ministério chinês das Relações Exteriores emitiu uma contundente nota oficial na qual pede ao Japão que "respeite as vítimas" dos países que sofreram "a agressão imperial" nipônica.
"O problema fundamental representado por este santuário de guerra é saber se o Japão será capaz de enfrentar, como seria necessário, a história de sua agressão imperial e respeitar os sentimentos das vítimas nos países da Ásia, entre eles a China", afirma o comunicado.
Pequim afirma que ainda deseja que Tóquio adote "medidas concretas com o objetivo de preservar as relações China-Japão".
Na Coreia do Sul, o presidente Lee Myung-bak pediu ao Japão que assuma as consequências pela prostituição forçada de milhares de coreanas por parte de soldados japoneses durante a guerra, "uma violação dos direitos das mulheres em tempos de guerra, assim como uma violação dos direitos humanos universais".
O presidente sul-coreano já havia afirmado no início da semana que o imperador japonês Akihito não poderia visitar a Coreia do Sul sem um pedido de desculpas pelas atrocidades cometidas por Tóquio.
Para o Japão, o dia 15 de agosto marca a rendição incondicional do país que acabou com a guerra do Pacífico e a Segunda Guerra Mundial. Mas, para os coreanos, marca o Dia da Libertação da península, ocupada pelo Japão entre 1910 e 1945.
A visita de ministros japoneses ao polêmico santuário acontece em um período de crescente tensão entre Japão, Coreia do Sul e China por divergências territoriais. O presidente sul-coreano Lee visitou esta semana um grupo de ilhas que os coreanos chamam de Dokdo, mas que o Japão considera seu território e chama de Takeshima.
Tóquio convocou seu embaixador em Seul, convocou o representante sul-coreano e pretende suspender qualquer encontro bilateral de alto nível. Com a China, o Japão tem divergências territoriais sobre as ilhas Senkaku (para Tóquio) ou Diaoyu (para Pequim) no mar da China Meridional.
[SAIBAMAIS]As ilhas inabitadas, mas que podem conter reservas de combustíveis, são administradas pelo Japão, mas reivindicadas pela China e por Taiwan. Um projeto japonês de nacionalização dos territórios provocou a irritação das autoridades chinesas.
Nesta quarta-feira (15/8), a polícia japonesa anunciou a detenção de 14 homens, em duas operações, em uma das ilhas do Mar da China Oriental. Segundo a agência Kiodo e o canal público NHK, os detidos são militantes que chegaram ao local procedentes de Hong Kong para apoiar a reivindicação chinesa sobre as ilhas.
Inicialmente, a polícia japonesa prendeu cinco ativistas que chegaram ao local em barcos procedentes de Hong Kong, mas posteriormente outras nove pessoas foram detidas. A guarda costeira nipônica anunciou em um primeiro momento que sete militantes haviam desembarcado na ilha, mas dois retornaram ao barco procedente de Hong Kong. A ação foi organizada simbolicamente em 15 de agosto. O grupo é integrado por nacionalistas de um "comitê de ação para a defesa das ilhas Diaoyu".
Administradas pelo Japão, as ilhas são reivindicadas por China e Taiwan. Os terrenos desabitados podem conter combustíveis e são alvos de intensa disputa. A China anunciou que apresentará um protesto ao Japão pela detenção dos 14 militantes.