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Robô Curiosity pousa em Marte em missão de busca de rastros de vida

Pasadema - O robô Curiosity pousou nesta segunda-feira (6/8) em Marte para uma ambiciosa missão de detecção de eventuais rastros de vida extraterrestre, informou a Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa) em Pasadena (Califórnia).

"Chegada confirmada", afirmou às 5h31 GMT (2h31 de Brasília) um membro da missão de controle no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da Nasa, o que provocou muitos apalusos. "Nossas rodas estão em Marte. Meu Deus", completou, depois de receber os primeiros sinais de que o veículo, de 900 quilos, havia chegado ao planeta vermelho ao fim de uma operação de grande complexidade.

Uma segunda explosão de alegrai foi registrada alguns minutos depois, quando o robô enviou a primeira fotografia, de uma clareza surpreendente, que retrata a própria sombra em solo marciano. O presidente Barack Obama saudou a realização de uma "façanha tecnológica sem precedentes".

A expedição foi uma aposta arriscada, que precisou de um investimento de 2,5 bilhões de dólares. O veículo-robô ("rover") foi lançado em 26 de novembro de 2011 em um foguete Atlas V 541 de Cabo Canaveral (Flórida). Nos oito meses e meio de voo, viajou 570 milhões de quilômetros. Entre os objetivos, a missão inclui a busca de rastros de vida passada no quarto planeta do Sistema Solar, o mais próximo da Terra.

Alguns cientistas carregavam amuletos e outros invocavam o espírito nacionalista, como um integrante da equipe de voo, que tingiu seus cabelos com as cores da bandeira americana. De fato, menos da metade das tentativas realizadas por agências espaciais mundiais para chegar a Marte foram bem-sucedidas desde 1960. "É um grande dia para a nação (americana), um grande dia para todos os nossos sócios que têm material (no veículo) e um grande dia para o povo americano", declarou o administrador da Nasa, Charles Bolden.

Os cientistas encontraram sinais de água em Marte, o que indicaria que alguma forma de vida microbiana poderia ter se desenvolvido no passado neste planeta que atualmente dispõe de uma pequena atmosfera, com invernos extremos e tempestades de poeira. O lugar escolhido para o pouso é a Cratera Gale, perto do Monte de Sharp (5.000 m). É um dos locais mais baixos de Marte e ponto de convergência de vários rios que, acredita-se, fluíam provenientes de zonas altas, que poderiam conter valiosas informações sobre o passado em suas camadas sedimentares.

[SAIBAMAIS]O Curiosity, com seis rodas e dez instrumentos espaciais - entre eles 17 câmeras, um raio laser capaz de destruir rochas e uma série de ferramentas de laboratório para analisar sua composição - também buscará reunir dados para preparar uma futura missão tripulada. Seu funcionamento será garantido por um gerador nuclear. O Curiosity permitirá dar "um enorme passo na exploração planetária", confirmou Jon Holdren, assessor científico de Obama.



O robô poderá analisar as rochas "de longe, com seu laser, mas também poderá agarrá-las e estudar sua composição; e uma perfuradora poderá penetrar na rocha e levá-la até o laboratório a bordo", detalhou Randii Wessen, um engenheiro da missão, em declarações à AFP. Mas antes de começar a avançar pelo solo marciano, a Curiosity verificará se todos os seus aparelhos funcionam normalmente, uma operação que pode durar dias ou semanas.

Um dos primeiros instrumentos testados foi a francesa ChemCam, dotada de um laser, telescópio e câmera, criada graças a uma associação entre o Irap (Instituto de Pesquisa Astrofísica e Planetária de Toulouse) e o Centro Francês de Estudos Espaciais (Cnes). "A ChemCam foi testada e funciona. Agora sabemos que funciona em Marte", disse à AFP seu criador, o astrônomo Sylvestre Maurice. O Curiosity soma-se, assim, à lista de missões bem-sucedidas da Nasa a Marte, como Viking 1 e 2 (em 1976), Pathfinder (1997), Marz Exploration Rovers (2004) e Phoenix (2008).