Cairo - O primeiro-ministro do Egito, Hicham Qandil, nomeou nesta quarta-feira (1/8) os membros de seu governo, entre eles vários ministros do antigo governo, em particular os das Relações Exteriores, Finanças e Defesa, anunciou a televisão estatal.
Mais de um mês depois da posse do presidente islamita Mohamed Mursi, Qandil recebeu os ministros de seu futuro gabinete, que deve ser formalmente apresentado na quinta-feira (2/8).
[SAIBAMAIS]Sinal da forte influência do Exército, o marechal Hussein Tantaui, chefe do Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA) e atual ministro da Defesa, manterá seu posto, indicou à AFP uma fonte militar.
Tantaui permaneceu por vinte anos no cargo de ministro da Defesa durante o regime de Hosni Mubarak, e manteve esta pasta após a queda do regime, em fevereiro de 2011.
Como chefe do CSFA, assumiu a liderança do país após a renúncia de Mubarak pela pressão das ruas, e manteve-se nesta função até a posse de Mursi, em junho.
Os ministros das Finanças, Momtaz Al-Saeed, e das Relações Exteriores, Mohammed Kamel Amr, também vão manter suas pastas, de acordo com a emissora Nilo News, que não forneceu a lista completa do novo governo.
O ministério do Interior, antes dirigido por Mohammed Ibrahim, passará para Ahmed Gamaleddine, um dos vice-ministros do Interior e ex-diretor de segurança do município de Assiut, ao sul do Cairo.
O ministério da Educação voltará para Mostafa Mossaad e o de Habitação para Tarek Wafik, duas figuras do partido político da Irmandade Muçulmana, o Partido para a Liberdade e Justiça, informou o PLJ.
"Difícil missão"
O presidente Mursi presidirá a primeira reunião do novo governo na quinta-feira, após a tomada de posse dos ministros, indicou seu porta-voz, Yasser Ali, citado pelo site da Irmandade Muçulmana.
Qandil era ministro da Irrigação no gabinete do primeiro-ministro Kamal al-Ganzouri, nomeado no ano passado pelos militares e, atualmente, encarregado de expedir documentos gerais.
O novo primeiro-ministro, engenheiro formado na Universidade do Cairo e doutor pela Universidade da Carolina do Norte, ocupou altos cargos na administração egípcia, particularmente no âmbito do ministério da Irrigação.
Qandil, encarregado no dia 24 de julho por Mursi para formar o novo gabinete, assegurou que seu governo seria composto por tecnocratas e que a escolha de seus ministros "não seria baseada na orientação" política, mas sim na competência.
Pouco conhecido fora dos círculos políticos, Qandil se apresenta como um homem religioso, declarou à jornalistas após a sua nomeação para o ministério da Irrigação que deixou sua barba crescer, "de acordo com a Sunnah" (a tradição de Maomé).
O primeiro-ministro designado, recentemente "exortou todas as forças políticas e o povo do Egito para nos apoiar nessa difícil missão". "Devemos fazer todos os esforços para alcançar os objetivos da revolução", afirmou.
O Egito, país mais populoso do mundo árabe com mais de 80 milhões de habitantes, vive desde a queda de Mubarak uma grave crise, marcada por um declínio do turismo, um colapso dos investimentos estrangeiros e um agravamento do déficit orçamentário.
Mursi, o primeiro presidente egípcio a não ser do Exército desde 1952, assumiu o cargo em 30 de junho. Os militares, que lhe devolveram o poder Executivo herdado de Mubarak, mantém, no entanto, o poder Legislativo, após a dissolução da Assembléia, em junho.