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Entrada da Venezuela no Mercosul cria potência energética e alimentar

A entrada da Venezuela no Mercosul, oficializada nesta terça-feira (31/7) em Brasília, transforma o bloco em uma potência energética e alimentar, segundo o governo brasileiro.

O presidente Hugo Chávez foi recebido como novo membro do bloco em uma cúpula extraordinária realizada na presença de seus colegas do Brasil, Dilma Rousseff, da Argentina, Cristina Kirchner, e do Uruguai, José Mujica.

Dilma, que exerce a presidência rotativa do grupo criado em 1991, comemorou a adesão de Caracas e considerou que a inclusão dos venezuelanos transforma o bloco em uma "potência energética e alimentar mundial". "Considerando os quatro países mais ricos do mundo, Estados Unidos, China, Alemanha e Japão, o Mercosul é a quinta maior economia (...) A presença da Venezuela acrescenta muito neste sentido", ressaltou Dilma em discurso à imprensa.

Chávez, que se declarou livre do câncer diagnosticado no ano passado, reapareceu bem disposto em sua primeira viagem desde janeiro para concretizar uma aspiração de seis anos.

A Venezuela, maior produtora da América do Sul de petróleo, entrou no bloco graças à suspensão temporária do Paraguai, outro membro fundador do Mercosul, após a destituição sumária do ex-presidente Fernando Lugo, em junho. O Senado paraguaio bloqueava desde 2006 a adesão da Venezuela. O Paraguai está suspenso até as eleições de abril de 2013.

"Mas, mais do que as críticas" daqueles que questionam a entrada venezuelana, "nos interessa sair do modelo de petróleo, promover o desenvolvimento agrícola na Venezuela (...), o desenvolvimento industrial", além do turismo, disse Chávez no mesmo ato.



"O Mercosul é, sem dúvida, o maior motor que existe para preservar a nossa independência e acelerar o nosso desenvolvimento integral", ressaltou. Na mesma cerimônia, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, disse que a inclusão da Venezuela transforma o Mercosul em um "pólo de poder".

"A incorporação da Venezuela fecha definitivamente a equação do que vai ser deste século XXI: Energia, minerais, alimentos, ciência e tecnologia", declarou.

Evitando a polêmica sobre a forma como foi acertada a entrada venezuelana, Chávez enviou uma mensagem clara de sua potencial parceria ao assinar nesta terça-feira um acordo com o Brasil de 900 milhões de dólares para a compra de 20 aeronaves comerciais E-190 da Embraer.

O acordo, que prevê a entrega até o final do ano das seis primeiras aeronaves, é o primeiro assinado pelos dois países, após o embargo dos Estados Unidos sobre a compra de 24 aviões brasileiros de combate SuperTucano pela Venezuela.

Com a adesão da Venezuela, o PIB do Mercosul será responsável por 83,2% de toda a América do Sul e sua população atingirá 270 milhões de pessoas (70% do continente).

A alta demanda por alimentos e bens da Venezuela, que importa muito mais do que produz, aumenta as opções de comércio com o Brasil e a Argentina, principais fornecedores mundiais de alimentos.

[SAIBAMAIS]Em 2011, o comércio entre Venezuela, Brasil e Argentina foi favorável para os dois últimos países com excedentes de 3,325 milhões dólares e 1,847 milhão, respectivamente. O Uruguai e o Paraguai registraram um déficit da balança comercial, principalmente devido à importação de petróleo.

Caracas vai se tornar oficialmente membro permanente do Mercosul em 12 de agosto. O país terá até 2016 para cumprir com as regras comerciais do Mercosul, incluindo as normas, a nomenclatura e a Tarifa Externa Comum (TEC) do bloco, além do reajuste tarifário para o comércio entre os parceiros e os acordos internacionais.

No entanto, o Brasil espera que até janeiro de 2013 a Venezuela inicie este reajuste tarifário para o comércio interbloco.