Beirute - Os combates em Aleppo (norte da Síria) deram uma pausa neste sábado à noite, após uma forte ofensiva das tropas sírias contra os rebeldes, mas os bombardeios vindos do exército continuam, disseram os guerrilheiros de uma ONG.
"O ataque contra (o distrito de) Salaheddine parou e seguimos com o exército regular até o bairro de Hamdaniye", mais a oeste, disse à AFP o chefe do conselho militar de Aleppo, o coronel Abdel Jabbar al-Oqaidi, por telefone.
Salaheddine, que "conta com o maior número de rebeldes", segundo Rami Abdel Rahman, presidente do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), era neste sábado o principal bloco da grande ofensiva lançada pelo exército.
"O fato de os soldados não continuarem avançando em Salaheddine não significa necessariamente uma retirada, pois a estratégia das forças regulares consiste em bombardear para provocar um êxodo e depois lançar um ataque ainda mais feroz", disse Rahman neste sábado à AFP ao anoitecer.
Segundo o coronel Oqaidi, o ataque foi interrompido, mas os disparos da artilharia e dos helicópteros prosseguem, destacando que "doze horas depois começo do ataque, o exército regular não pôde fazer nada na zona".
"A tática do Exército Sírio Livre (ESL, rebeldes) consiste em mover-se de bairro em bairro, ou seja, controlar um bairro e limpá-los dos membros dos serviços de segurança e das chabihas (milícias partidárias do regime), antes de passar a outro", explicou.
"Chegamos a nos apoderar de um grande número de armas das tropas regulares, lançaremos um ataque total para a libertação de Aleppo", disse o coronel.
[SAIBAMAIS]No sábado pela manhã, um dilúvio de fogo caiu sobre Aleppo, bombardeada e metralhada por helicópteros das forças do regime de Bashar al-Assad, que tenta controlar a capital econômica do país, devastado há mais de 16 meses por uma revolta popular que se militarizou ante a repressão.
Ao menos 29 pessoas - dez soldados, oito rebeldes e onze civis - morreram desde o início da ofensiva, segundo o OSDH, que anunciou neste sábado que a cifra de mortos chegou à casa dos 20.000 desde o início dos protestos contra Bashar al-Assad em março de 2011, dos quais 14.000 são civis.
Ocidente contra Rússia
Vários países ocidentais e a ONU expressaram sua preocupação frente à perspectiva desta ofensiva. Washington evocou a possibilidade de um novo "massacre" neste país, que já viveu 16 meses de violência.
O presidente francês, François Hollande, pediu uma intervenção rápida do Conselho de Segurança, e chamou Moscou e Pequim para que levem em consideração que será o caos e a guerra civil na Síria caso Bashar al-Assad não seja contido.
Contudo a Rússia, aliada do regime sírio, disse que não era "realista" esperar que o regime de Damasco fique de braços cruzados enquanto os rebeldes ocupam Aleppo, capital econômica do país com 2,5 milhões de habitantes, conforme afirmou o ministro russo de Relações Exteriores, Serguei Lavrov, deixando em evidência uma vez mais as divergências com o Ocidente sobre a crise síria.