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Manifestantes cercam sede da Televisa e pedem democracia no México

Cidade do México - Centenas de estudantes e sindicalistas mantinham cercada nesta sexta-feira (27/7) a sede da rede de televisão mexicana Televisa para protestar contra uma suposta campanha de informação favorável ao candidato do PRI e vencedor das eleições de julho, Enrique Peña Nieto.

Os manifestantes passaram a noite nas barracas que armaram, enquanto grupos de policiais desarmados protegiam a rede de televisão, a principal do México e a maior de língua hispânica, que manteve as transmissões de seus quatro sinais de televisão aberta.

Alguns acenderam fogueiras para se proteger do frio, enquanto grupos musicais improvisados interpretavam rock e canções folclóricas com letras adaptadas as suas denúncias. "Sem mais telenovelas, queremos mais escolas", gritavam.

A manifestação foi convocada pelo movimento estudantil #Yosoy132, com o apoio de sindicatos e organizações populares, para protestar contra as supostas irregularidades por parte do PRI, entre as quais a compra de votos com recursos públicos e inclusive ilícitos, e contra uma campanha midiática para favorecer Peña Nieto.

"Nosso protesto vai ser mantido. Vamos seguir protestando nas ruas porque este é o nosso direito democrático", disse Antonio Attolini, estudante de Ciência Política do Instituto Tecnológico Autônomo do México e um dos porta-vozes do #Yosoy132.

Os manifestantes pretendiam manter um cerco pacífico até a noite desta sexta-feira e impedir a entrada de funcionários, no mesmo dia em que ocorre a transmissão da abertura dos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

No entanto, uma fonte da televisão assegurou que "durante a madrugada vários funcionários conseguiram entrar aproveitando que estavam dormindo ou dançavam". Os manifestantes ressaltaram que não impedirão a saída de funcionários.

Cerca de 7.000 pessoas, segundo estimativas da polícia, participaram dos protestos na noite de quinta-feira, provocando um caos viário, mas apenas algumas centenas pernoitaram. Os manifestantes esperam reunir no encerramento do protesto mais de dez mil pessoas.


"A Televisa e a TV Azteca são o rosto mais visível e o principal instrumento da oligarquia que governa este país, dos poderes fáticos que, de acordo com seus interesses, impõem e tiram governantes", afirmaram os estudantes em um manifesto. O milionário mexicano Carlos Slim afirmou nesta sexta-feira que não há uma crise no México, onde "as eleições foram claramente competitivas e participativas".

Andrés Manuel López Obrador, que foi o candidato da esquerda nas eleições e que, segundo a apuração oficial, obteve 31,6% dos votos -cerca de 3,3 milhões a menos do que Peña Nieto (38,2%)-, propôs na quinta-feira que o México se prepare para ter "um presidente interino".

O Tribunal Eleitoral tem até o dia 6 de setembro para proclamar o presidente eleito para o período 2012-2018.