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Exército sírio usa tanques e helicópteros nos combates em Damasco e Aleppo

DAMASCO - Os soldados sírios, apoiados por tanques e helicópteros, travam uma batalha neste domingo contra os rebeldes para tentar retomar bairros de Damasco e de Aleppo, segunda maior cidade da Síria.

Pelo menos 19 pessoas foram mortas em episódios de violência neste domingo, segundo um primeiro registro do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que anunciou que mais de 19.000 pessoas morreram em 16 meses de revolta.

No momento em que os rebeldes tomaram o controle de postos na fronteira com o Iraque e a Turquia, o Exército turco reforçou o seu aparato de segurança mobilizado ao longo da fronteira síria com o deslocamento de baterias de mísseis terra-ar e de veículos de transporte de tropas para Mardin (sudeste).

Na frente diplomática, a capital do Qatar acolheu no início da noite uma reunião ministerial do comitê árabe de acompanhamento do conflito na Síria, enquanto o presidente Bashar al-Assad perde cada vez mais força após os violentos combates em Damasco e a morte de quatro autoridades importantes em seu governo, na semana passada.

Na capital síria, onde o regime mobilizou suas unidades de elite para a batalha, segundo militantes, com o Exército lançando uma ofensiva contra os bairros de Barzé (nordeste), Roukneddine (norte) e Mazzé, (oeste).

As autoridades anunciaram também que o Exército havia "limpado" o bairro de Qaboun (leste) e que muitos "terroristas" tinham morrido. Segundo o OSDH, centenas de soldados foram mobilizados no bairro de Mazzé e iniciaram buscas em meio a fortes tiroteios.

As forças regulares, apoiadas por tanques e helicópteros, também lançaram um ataque em Barzé, e conseguiram entrar nesse bairro da periferia, segundo o OSDH, que registrou a retirada dos combatentes rebeldes e um grande êxodo de moradores.

Segundo um militante que se identificou pelo nome de Abu Omar, contatado via Skype pela AFP, o Exército enfrenta resistência no bairro de Roukneddine, que possui uma forte comunidade curda e as autoridades lançaram apelos aos moradores para que deixem a área.

A rede de televisão pública desmentiu que os bairros de Damasco estejam sendo atacados por helicópteros. No centro da capital, agentes de segurança reforçaram sua presença, revistando carros e verificando os documentos de identidade, segundo moradores.

A situação de carestia é cada vez pior, e os moradores faziam fila nas padarias. "Início da batalha de libertação de Aleppo"

Depois de terem anunciado o início da batalha por Damasco, neste domingo, o Exército Sírio Livre (ESL) pediu a "libertação" de Aleppo e se comprometeu a proteger as minorias, principalmente cristã e alauíta.

Em um vídeo postado no YouTube, o coronel Abdel Jabbar al-Okaidi, comandante do conselho militar do ESL para a província de Aleppo (norte), afirmou ter "ordenado a todos os homens do ESL que marchem para Aleppo de todas as direções para libertá-la".

O oficial afirmou que o ESL, composto de desertores e de civis que pegaram em armas, havia até o momento "conseguido libertar a maior parte das zonas nas imediações de Aleppo".

Uma nova frente foi aberta na sexta-feira nesta cidade, capital econômica da Síria, e combates são travados há vários dias entre o Exército regular e o ESL, que claramente tomou o controle do bairro de Salaheddine.

Segundo um militante, o ESL tomou parcialmente os bairros de Sahour (leste), Hanano (leste) e Sayf al-Dawla.

A agência oficial síria Sana afirmou, por sua vez, que as Forças Armadas "perseguem os terroristas em Aleppo desde este domingo de manhã", acrescentando que um "vários deles foram mortos".

Combates também foram registrados no leste do país, em Deir Ezzor e na localidade de Boukamal, próximo à fronteira com o Iraque, assim como em Homs, no centro do país, um dos principais focos da onda de contestação.

Em uma tentativa de mostrar a estabilidade do poder, o primeiro-ministro Riad Hijab afirmou no Parlamento que a "prioridade" de seu governo formado no dia 23 de junho é a preservação da segurança.

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