Sofia, Bulgária - Os investigadores búlgaros, com ajuda do FBI e da CIA americanos, do serviço secreto israelense e da Interpol trabalham para identificar os autores do atentado suicida que deixou na quarta-feira (18/7) sete mortos em um aeroporto búlgaro, cinco deles israelenses.
No atentado realizado na tarde de quarta-feira no aeroporto de Burgas, às margens do mar Negro, morreram cinco turistas israelenses, o motorista búlgaro do ônibus no qual as vítimas se encontravam e o próprio suicida. O camicase era um homem de cerca de 36 anos e foi gravado por uma câmera de vigilância do aeroporto, segundo o ministro búlgaro do Interior, Tsvetan Tsvetanov.
Israel acusou o Irã de instigar o ataque e o movimento xiita libanês Hezbollah de executá-lo, o que ambos desmentiram com firmeza. Em um discurso perante o Parlamento, o primeiro-ministro búlgaro, Boiko Borisov, comentou que "os serviços secretos estão trabalhando muito ativamente" e anunciou que haverá "mais informações em três ou quatro dias". Em uma coletiva de imprensa, o ministro do Interior indicou que "não se descarta a existência de um cúmplice". Em Burgas, os investigadores obtiveram os primeiros resultados.
Graças ao vídeo do aeroporto divulgado na quinta-feira pelo ministério do Interior em todas as redes de televisão do país, um locador de automóveis e dois taxistas prestaram depoimento como testemunhas, indicou nesta sexta-feira a procuradora de Burgas, Kalina Chapkanova, à emissora bTV.
"Na véspera do atentado, o suposto autor esteve em Ravda", no mar Negro, cerca de 20 km ao norte de Burgas, detalhou. "Tentou alugar um carro por um dia em Pomorié (entre Ravda e Burgas). O proprietário da empresa negou-se porque teve dúvidas sobre a autenticidade de sua carteira de motorista. O homem ouviu com calma, recuperou seu depósito de 50 leva e foi embora", acrescentou.
[SAIBAMAIS]"Interrogamos o taxista que o conduziu ao aeroporto à tarde. O homem também pegou outro táxi pela manhã, para fazer um reconhecimento do local. O indivíduo quase não falou com os taxistas, estava tranquilo", acrescentou. Segundo estas testemunhas, "o homem falava inglês com sotaque, talvez árabe", informou a procuradora. O único documento de viagem encontrado com o suicida foi uma carteira de motorista falsa dos Estados Unidos, supostamente expedida no estado de Michigan.
Cooperação internacional
Com ajuda do FBI e da CIA, os investigadores búlgaros estão tentando desvendar a pista da carteira falsa de motorista. Para isso, também recorreram à Interpol. Também na quarta-feira, a organização coordenadora das polícias do mundo inteiro, com sede em Lyon (França), enviou à Sofia uma equipe de especialistas.
O secretário-geral da organização, Ronald K. Noble, anunciou que a equipe verificará se a carteira falsa figura na base de dados dos "Documentos de viagem perdidos ou roubados" da Interpol. Depois de recolher as impressões digitais de uma mão do suspeito, e à espera da conclusão do exame de DNA, em andamento, os investigadores esperam poder identificar rapidamente o suicida.
Fontes próximas à investigação indicaram que, de forma geral e sem que os investigadores tenham indícios precisos, é analisada a pista de búlgaros convertidos ao islã e de libaneses residentes na Bulgária, diante do possível envolvimento do Hezbollah.