Damasco - Ao menos 150 pessoas, incluindo dezenas de rebeldes, foram mortas em Treimsa, no centro da Síria, segundo uma ONG, enquanto a oposição denuncia o massacre e exige uma resolução do Conselho de Segurança para acabar com a violência.
A oposição imediatamente se referiu a um "massacre", enquanto os militantes no interior do país indicaram que a maioria das vítimas era composta por rebeldes, mortos em combates nesta província de Hama. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), que indicou o número de mortos, também fez referência a "dezenas de insurgentes" entre as vítimas neste enclave sunita cercado de cidades alauítas. Por enquanto, a questão síria continua bloqueada no Conselho de Segurança da ONU. O impasse entre os países ocidentais e a Rússia, principal aliada do regime de Bashar al-Assad, impede o avanço de uma resolução contra Damasco.
A França criticou "a corrida assassina desenfreada do regime", pedindo novamente ao Conselho de Segurança que "assuma suas responsabilidades". Já o emissário internacional para a Síria, Kofi Annan, se disse "chocado" e denunciou "uma violação do compromisso do governo de parar de usar armas pesadas nos centros populacionais". Por sua vez, o chefe de observadores da ONU na Síria, Robert Mood, afirmou que seus homens estão prontos para ir a Treimsa, em caso de cessar-fogo.
Uso excessivo da força
Um militante da agência de notícias Sham News Network, favorável à revolta contra o regime, afirmou que a maioria das pessoas mortas eram membros do Exército Sírio Livre (ESL), formado essencialmente por desertores.
"Um comboio do Exército se dirigia para a região de Hama quando foi atacado pelo ESL. O exército contra-atacou com o apoio de reforços (forças pró-regime) de cidades alauítas. O ESL resistiu por uma hora antes de ser vencido", explicou o militante que se identificou como Jaafar. O ESL está munido com armas leves e médias contra o poder considerável do Exército sírio.
[SAIBAMAIS]Um membro da agência de notícias dos militantes em Hama informou que dois meninos, de seis e 12 anos, dois adolescentes de 16 anos e uma mulher estão entre os mortos. "Há um grande número de rebeldes mortos nos combates entre o ESL e o Exército regular", afirmou uma ativista. "O Exército do regime recorreu a uma força excessiva contra cerca de 30 membros do ESL no interior da localidade".
Os vídeos postados na internet pelos militantes mostram vários cadáveres de homens. O regime de Damasco, que diz combater terroristas desde o início da revolta, há cerca de 16 meses, acusou "grupos terroristas armados" pelo massacre, segundo a agência Sana que indicou que os confrontos "provocaram grandes perdas entre os terroristas" e três mortes entre os soldados.
Oposição ao massacre
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão oposicionista, falou de um "infame genocídio cometido pelo regime sírio" e exigiu que o Conselho de Segurança da ONU adote uma resolução de forma urgente. A Irmandade Muçulmana na Síria, membro influente do CNS, criticou principalmente Kofi Annan, mas também o Irã e a Rússia, acusando-os de serem os responsáveis pelas mortes, por sua inação.
"Haverá depois (de Treimsa) massacres ainda mais terríveis enquanto os (países), que afirmam ser os portadores da civilização, permanecerem impassíveis frente ao sangue sírio (derramado) e deixarem esse monstro selvagem matar sírios como quiser", disseram. Kofi Annan falou de "intensos combates, de um grande número de vítimas e do uso de armas pesadas, como artilharia, tanques e helicópteros".
Os 15 membros do Conselho vão se reunir novamente nesta sexta-feira para discussões mais profundas, segundo diplomatas. Kofi Annan, cujo plano de paz entrou em vigor no dia 10 de abril, mas nunca foi respeitado, irá a Moscou na segunda-feira para conversar com o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, de acordo com agências de notícias russas.
Já Paris, pediu mais firmeza através de "uma ameaça de sanções do Conselho de Segurança", enquanto Pequim e Moscou bloquearam todas as ações decisivas da ONU sobre a Síria. A repressão da rebelião e os combates entre as forças governamentais e rebeldes mataram mais de 17.000 pessoas desde o início, em meados de março de 2011, da contestação contra o regime de Bashar al-Assad, de acordo com uma ONG síria.