Berlim - A Alemanha fará uma ampla reforma dos serviços de informação, muito criticados após uma investigação sobre supostos assassinos neonazistas que acabou em um fiasco, provocando a demissão de seu diretor.
O ministro alemão do Interior, Hans-Peter Friedrich, afirmou que os métodos de trabalho dos serviços de proteção da Constituição (Verfassungsschutz, VS), os serviços de informação internos do país, devem ser "fundamentalmente renovados". O diretor, Heinz Fromm, de 63 anos, pediu demissão na segunda-feira depois que um funcionário do ministério do Interior revelou, na semana passada, em uma comissão parlamentar de inquérito, que os relatórios sobre os neonazistas foram deliberadamente destruídos por funcionários do serviço.
[SAIBAMAIS]"O que aconteceu é evidentemente inaceitável e, por isto, as consequências devem ser assumidas", declarou Friedrich. Fromm já era alvo de críticas desde novembro, quando foi descoberta a existência de um trio de extrema direita autobatizado de "Clandestinidade Nacional-Socialista" (NSU). Seus integrantes são suspeitos das mortes de nove estrangeiros, incluindo oito turcos, entre 2000 e 2006, assim como de um policial, em 2007. Mas foi somente com o suicídio de dois membros do trio e a rendição à polícia do terceiro que o caso começou a ser esclarecido. Inicialmente, os investigadores suspeitaram de grupos de criminosos turcos.
O líder da comunidade turca na Alemanha, Kenan Kolat, considerou que os serviços de informação viviam "nas trevas". "O escândalo demonstra que o Estado e alguns de seus órgãos demonstram cegueira ante a extrema direita", disse. As revelações sobre a NSU provocaram grande comoção na Alemanha, já que o país descobriu que os assassinos atuaram quase impunemente durante sete anos.