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Árabes exigem presença de palestinos em negociação sobre comércio de armas

Nova York - O início das negociações na ONU sobre um tratado para regulamentar o comércio de armas foi bloqueado devido a uma controvérsia sobre a participação palestina, indicaram nesta segunda-feira (2/7) diplomatas.

Os países árabes pediram que a União Europeia fosse excluída das negociações na sede da ONU se os palestinos não participassem.

"Os egípcios, em nome do grupo árabe, bloquearam a conferência, insistindo para que os palestinos participassem", disse um diplomata árabe.

O grupo árabe havia feito o pedido na semana passada e Israel ameaçou boicotar a conferência se os palestinos fossem autorizados a participar como Estado soberano, segundo diplomatas.

Em resposta, "o Egito disse que se os palestinos não tinham um assento na conferência, então a União Europeia não tinha que ser autorizada a participar", acrescentou o diplomata árabe.

Os palestinos têm status de observadores na ONU, mas a União Europeia, também observadora, goza de direitos ampliados.

Os 193 países membros da ONU têm que realizar até 27 de julho uma negociação difícil para regulamentar, pela primeira vez, o comércio de armas convencionais, um mercado de 70 bilhões de dólares.

Está previsto que o futuro tratado sobre o comércio de armas (TCA) proíba a transferência de armas que possam ser utilizadas contra populações civis ou para alimentar conflitos, baseando-se em critérios precisos.

[SAIBAMAIS]Vários diplomatas suspeitam que a iniciativa do Egito, grande comprador de armas, seja, sobretudo, uma tentativa de enfraquecer o tratado.



"Alguns países não querem um tratado com critérios rígidos de respeito aos direitos humanos e utilizam a causa palestina para atrasar" os trabalhos, explicou um diplomata ocidental.

Os palestinos tentaram em vão em setembro ser reconhecidos como Estado pela ONU, mas em outubro obtiveram sua admissão na Unesco.