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Turquia adverte Síria e afirma que vai responder a violações na fronteira

Damasco - A Turquia fez uma severa advertência nesta terça-feira (26/6) ao governo srio e destacou que responderá a qualquer violação de sua fronteira com a Síria, no mesmo dia em que foram registrados violentos combates perto de Damasco ao redor de posições da Guarda Republicana.

Ao mesmo tempo, em Bruxelas, a Otan, reunida em caráter de urgência a pedido da Turquia, declarou que a derrubada de um avião turco para a Síria era um incidente "inaceitável" e manifestou "apoio e solidariedade" a Turquia. Os combates, a oito quilômetros do centro de Damasco, começaram durante a madrugada, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede em Londres. A Guarda Republicana é uma unidade de elite responsável pela segurança da capital síria e seus subúrbios. "Esta é a primeira vez que o regime utiliza artilharia pesada em combates tão perto da capital", afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman.

O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, admitiu nesta terça-feira que o caça turco derrubado pela Síria na sexta-feira passada violou "momentaneamente" e "por engano" o espaço aéreo. Em um discurso para os deputados do Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita), Erdogan disse que Turquia responderá "com determinação" qualquer violação de sua fronteira e chamou de "ditador sanguinário" o presidente sírio Bashar al-Assad. "Qualquer elemento militar procedente da Síria que represente um risco e um perigo de segurança contra a fronteira turca será considerado um objetivo militar", advertiu em um discurso no Parlamento. Erdogan denunciou um "ato hostil" da Síria e um "ataque covarde" do regime de Bashar al-Assad.

[SAIBAMAIS]"Este último acontecimento mostra que o regime de Assad se tornou uma ameaça aberta e próxima para segurança da Turquia e para seu próprio povo", disse Erdogan. A Turquia responderá "em tempo oportuno" e com "determinação", insistiu Erdogan. A Otan chamou de "inaceitável" a destruição de um avião de combate turco por parte da Síria. O secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen, manifestou "apoio e solidariedade" ao governo de Ancara. "Consideramos este ato inaceitável e o condenamos nos termos mais enérgicos", declarou Rasmussen. "Estamos ao lado da Turquia em um espírito de forte solidariedade", completou Rasmussen após uma reunião com os embaixadores dos 28 países membros da Otan na sede da Aliança Atlântica em Bruxelas.



"Acompanhamos de perto e com grande preocupação. E seguiremos envolvidos nos acontecimentos na fronteira sudeste da Otan", insistiu Rasmussen. A reunião aconteceu a pedido da Turquia, que invocou o artigo 4 do tratado da Aliança, que prevê que qualquer país membro pode levar uma questão à atenção do Conselho quando considera que sua integridade territorial ou segurança está ameaçada. Esta foi a segunda vez desde a criação da Otan, em 1949, que o artigo foi invocado. A primeira foi em 2003, também pela Turquia, a respeito da guerra no Iraque. A Síria afirma que o avião turco violou seu espaço aéreo, ao contrário da Turquia, que alega que o caça voava no espaço aéreo internacional quando foi derrubado.

O vice-premier turco Bulent Arinç acusou a Síria de ter disparado contra um avião de socorro que procurava os pilotos do F-4 Phantom derrubado e ameaçou interromper as exportações de energia elétrica para a Síria. O governo sírio acusa a Turquia de querer "atiçar" a crise e advertiu contra qualquer "agressão" ao território sírio. Segundo analistas russos, citados pela agência estatal Ria Novosti, o F-4 Phantom derrubado efetuava um teste da defesa antiaérea síria a pedido da Otan. A destruição do avião demonstrou a eficácia dos sistemas russos que equipam o Exército da Síria, afirmaram os especialistas. A violência não dá trégua na Síria, onde na segunda-feira 95 pessoas morreram, segundo o OSDH.