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Exército sírio atira em manifestantes; 25 partidários do governo morrem

Damasco - As tropas sírias dispararam nesta sexta-feira (22/6) contra manifestantes contrários ao regime em diferentes pontos do país, e ao menos 25 partidários do presidente Bashar al-Assad morreram em uma emboscada na província de Aleppo, no norte da Síria.

Dezenas de milhares de pessoas protestaram nesta sexta-feira (22/6), principalmente na província rebelde de Idleb (noroeste), para exigir novamente a queda do regime, que mantém sua guerra contra a oposição e os rebeldes armados, taxados pelo governo Assad de "terroristas".

Em Moscou, o ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, disse ter indicado ao chanceler sírio que Damasco deve fazer "muito mais" esforços para cumprir o plano de saída da crise do emissário Kofi Annan, atualmente quase inválido com a intensificação dos combates entre o Exército e os rebeldes, com um registro diário de dezenas de mortos.

Annan, emissário da ONU e da Liga Árabe, convocou nesta sexta-feira a comunidade internacional a aumentar a pressão sobre as partes em conflito na Síria, para acabar com a violência.

"Mantive debates intensos (...) nas capitais do mundo sobre a possibilidade de organizar uma reunião para falar das ações que devem ser adotadas" para aplicar o plano de saída de crise, declarou Annan em uma coletiva de imprensa em Genebra. O ex-secretário-geral da ONU também considerou que "o Irã deve fazer parte da solução", ao ser perguntado sobre a possibilidade de que Teerã participe desta reunião.

Enquanto isso, na região de Aleppo, em Darat Ezzat, ao menos 25 pessoas morreram baleadas e foram mutiladas "por grupos terroristas armados", segundo a televisão oficial, que taxou o ato de crime bárbaro.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), as vítimas eram partidárias do regime sírio, mortas em uma emboscada. "Aqui estão os milicianos do regime de Assad", afirma em um vídeo uma pessoa que gravou a cena. Também na região de Aleppo, dois membros das forças de segurança morreram em um ataque rebelde. Na mesma região, nove civis faleceram atingidos por disparos efetuados contra manifestações, segundo o OSDH.

Outros oito civis morreram em atos violentos, principalmente em bombardeios e disparos das tropas do governo em Deraa (sul), em Idleb e perto de Damasco.

"Silêncio árabe e internacional"

"Silêncio árabe e internacional, apesar dos massacres e da matança do povo sírio", denunciaram os manifestantes na província de Hasaka (nordeste).

A violência matou mais de 250 pessoas nos últimos dois dias. A quinta-feira foi "um dos dias mais sangrentos desde o início da revolta", em 15 de março de 2011, segundo Rami Abdel Rahman, diretor do OSDH. De acordo com esta ONG, mais de 15.000 pessoas morreram na Síria em pouco mais de 15 meses de rebelião contra o governo Assad, em sua maioria civis.

A escalada de violência, sobretudo em Homs, frustrou na quinta-feira duas tentativas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e do Crescente Vermelho sírio para retirar feridos e civis da terceira maior cidade do país, novamente bombardeada e palco de combates entre soldados e rebeldes.

Segundo Abu Bilal, um militante que está no local, "70% da infraestrutura de Homs ficou destruída" e quase todos os moradores deixaram a cidade.

O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) anunciou, por sua vez, que mais de 1,5 milhão de pessoas precisam de ajuda humanitária, advertindo que "a situação humanitária continua se deteriorando".