A volta da economia mundial ao crescimento virou o tema dominante antes da abertura oficial da reunião do G20, o grupo que reúne os principais países emergentes e avançados, que ocorre no balneário de Los Cabos, no México. Com sinais mais claros de que a Grécia ficará na zona do euro e formará um governo disposto a manter os compromissos internacionais, o tom foi de otimismo.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, comemorou a vitória do partido pró-integração europeia, que permite que Atenas e Bruxelas trabalhem juntos para reerguer a economia grega. Em seguida, ele disse que o bloco vai dar passos para estimular o crescimento por meio de investimentos públicos, sem deixar de lado os ajustes fiscais necessários para reequilibrar as contas nacionais.
;Os desenvolvimentos recentes demonstram que precisamos ir adiante e completar a nossa arquitetura financeira e econômica, dando passos para estimular o crescimento por meio de investimentos direcionados e perseguindo reformas estruturais;, disse Durão Barroso.
;Mas os desafios não são apenas europeus, são globais. Todos os países do G20 têm a responsabilidade de remover os obstáculos para o crescimento e criação de emprego;, declarou o dirigente da União Europeia, citando sinais preocupantes de protecionismo ; desvalorizações artificiais da moeda e barreiras às importações que inibem o livre-comércio.
A linha foi quase a mesma adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que se reuniu em caráter bilateral com o anfitrião, o presidente mexicano Felipe Calderón. Qualificando de ;promissor; o resultado das eleições na Grécia, Obama disse que é hora de o mundo caminhar para a estabilidade econômica e a volta da confiança nos mercados.
Segundo o presidente norte-americano, o mundo está preocupado com o crescimento menor das economias. Ele pediu união dos países do G20 a fim de fazer o necessário para estabilizar o sistema financeiro mundial e evitar o protecionismo, bem como garantir que a economia cresça para criar postos de trabalho. Ele, no entanto, disse que isso deve ser feito sem que os países se descuidem das contas públicas e das estruturas fiscais.
As declarações de certa forma representam um meio-termo no dilema crescimento versus austeridade, que tem dominado as discussões prévias ao G20. Enquanto todos concordam que os ajustes fiscais nos países avançados são importantes, a Alemanha é particularmente enfática na primazia deste objetivo como base para o crescimento.
Entretanto, os relatos são de que Berlim tem cedido ao consenso geral mais inclinado a garantir o crescimento. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, lembrou que a zona do euro vai registrar este ano uma ;leve recessão;.
Os Estados Unidos, país de voz mais forte nesse tipo de discussão, também têm visto suas projeções de crescimento serem paulatinamente reduzidas. Em meio a uma campanha de reeleição, o governo Obama tem gerado apenas cerca de 100 mil empregos por mês, menos que o necessário para reduzir a taxa de desemprego que continua acima de 8%.
A desaceleração também pode ser sentida em países emergentes. O crescimento indiano, por décadas em 9%, caiu para cerca de 6%. No Brasil, as projeções iniciais de 4% a 4,5% de alta do Produto Interno Bruto (PIB) este ano já foram diminuídas para 2%, 2,5% ou até menos.