Istambul - Representantes de vários grupos da oposição síria iniciaram nesta sexta-feira (15/6) em Istambul uma reunião de dois dias destinada a unificar suas visões sobre o futuro da Síria, que já entrou em uma guerra civil, segundo um funcionário da ONU. "Vamos trabalhar para unificar a nossa visão", declarou Burhan Ghalioun, o ex-presidente da principal coalizão de oposição síria, o Conselho Nacional Sírio (CNS), pouco antes do início dos trabalhos.
Além do CNS, o Conselho Nacional Curdo, que até agora rejeitou os apelos de alinhamento de Ghalioun, o grupo formado em torno do intelectual Michel Kilo e o do chefe tribal Nawaf al-Bashir participam da reunião, de acordo com fontes sírias concordantes.
O único ausente, o Comitê Nacional de Coordenação para a Mudança Nacional e Democrática (CCNCD), que reúne partidos nacionalistas árabes, curdos e socialistas, argumentou problemas técnicos que impediram o envio de emissários para Istambul, disse uma fonte à conferência.
[SAIBAMAIS]A reunião começou com um apelo à unidade feito pelos representantes de uma dúzia de países árabes e europeus convidados para a conferência. "Esta manhã, representantes da comunidade internacional expressaram a importância de ter uma oposição unida", indicou uma fonte diplomática na conferência.
França e Estados Unidos estão representados na conferência por seus embaixadores em Damasco, chamados de volta para suas capitais em forma de protesto contra a violência perpetrada pelo regime sírio. Alemanha, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Itália, Qatar, Reino Unido e Turquia também enviaram diplomatas para a reunião, que também conta com a participação de um membro da equipe do emissário da ONU e da Liga Árabe na Síria, Kofi Annan.
O Ministério turco das Relações Exteriores anunciou no início de junho a criação de um "grupo de coordenação", formado pelos países amigos da oposição síria para ajudar a sua organização.
O objetivo da reunião de Istambul é buscar maneiras de acabar com a fragmentação da oposição antes da importante conferência de opositores sírios, que deve ser realizada no Cairo sob os auspícios da Liga Árabe, em uma data ainda não definida, e da conferência, em 6 de julho, em Paris da reunião dos "Amigos do Povo Sírio", segundo fontes da oposição. "Estamos aqui para definir uma posição comum. Há poucos pontos discordantes entre nós", comentou à AFP nesta sexta-feira Bassma Qodmani, chefe das relações externas do CNS.
Ao final da tarde, vários participantes da reunião expressaram satisfação. "Sentimos que há uma dinâmica em funcionamento. Existem, como sempre, pessoas que precisam se opor a tudo, mas fora isso as coisas estão acontecendo", disse um opositor, que não quis se identificar. As discussões devem continuar até a noite. Elas serão retomadas no sábado com debates divididos em plenárias sobre questões como a reestruturação da oposição e a preparação da cúpula do Cairo.
No final de março, a maioria dos opositores reconheceu o CNS como "representante oficial" do povo sírio e, em abril, os "Amigos do povo sírio" caracterizaram o grupo de "legítimo representante de todos os sírios". Mas a organização tem sido criticada por sua ineficiência e falta de coordenação com os ativistas no terreno. Eleito no último domingo à frente do CNS, o curdo Abdel Basset Sayda assegura que uma de suas prioridades será a unidade da oposição.