Buenos Aires ; Os governos argentinos e britânico lançaram nova ofensiva para reclamar a posse das Ilhas Malvinas (Falklands) nesta quinta-feira (14/6) ; trigésimo aniversario do fim da guerra entre os dois países pela posse do arquipélago no Atlântico Sul
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, içou a bandeira das ilhas na residência oficial britânica, em Londres, junto com a bandeira do Reino Unido, para reafirmar que o arquipélago continua sendo território ultramar do Reino Unido e lembrar os 255 soldados mortos na guerra contra a Argentina em 1982.
[SAIBAMAIS] A presidente argentina, Cristina Kirchner, publicou uma carta em alguns dos principais jornais britânicos dizendo que a presença britânica nas Malvinas representa um ;caso colonial anacrônico; e pedindo ao governo de Cameron que acate as resoluções das Nações Unidas e aceite negociar com os argentinos uma solução para a disputa das ilhas.
Além da carta, Cristina Kirchner vai se encontrar nesta quinta-feira (14) com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, para pedir sua intermediação nas negociações. A presidente fará também um pronunciamento perante o Comitê de Descolonização das Nações Unidas. É a primeira vez que Cristina discursa neste comitê, criado em 1961 para promover a descolonização de territórios ainda sujeitos a acordos assinados durante o período colonial.
Os argentinos argumentam que, com a independência, herdaram as Malvinas da Espanha. Governavam as ilhas, que ficam a 150 quilômetros de suas costas, até serem expulsos pelos britânicos em 1833. Diante da falta de progresso nas negociações na ONU e na esperança de conquistar o apoio dos argentinos ao seu regime, o ex-ditador Leopoldo Gaultier tentou retomar o arquipélago à forca em abril de 1982 e saiu derrotado em uma guerra que durou 134 dias.
A ditadura caiu um ano depois, mas todos os governos democráticos argentinos seguintes reivindicaram as Malvinas. Apesar de várias resoluções das Nações Unidas pedirem aos dois países uma solução negociada para a disputa, o Reino Unido tem se recusado a falar do assunto. Segundo os britânicos, o que vale é o principio de autodeterminação dos povos: cabe aos 3 mil moradores das Malvinas decidir seu futuro.
Na quarta-feira passada (13), os moradores das Malvinas anunciaram um plebiscito para o próximo ano para decidir se a população quer manter a situação atual das ilhas. O arquipélago tem um governo independente; fica com os recursos da pesca, do turismo e do petróleo e não gasta com defesa, que é financiada pelo Reino Unido.
;Nos nunca nos sentimos argentinos. Muitos de nós estamos aqui há cinco ou seis gerações. É verdade que até a guerra de 1982 éramos ignorados pelo Reino Unido e a população das ilhas estava diminuindo;, disse em entrevistal o empresário Tim Miller. ;Mas depois da guerra o Reino Unido investiu em estradas e infraestrutura. Veio o turismo e a pesca. Hoje temos um Produto Interno Bruto per capta alto. Para que mudar?;
A Argentina argumenta que o principio de autodeterminação dos povos só se aplica a povos nativos - como os indianos, que viviam na Índia antes da colonização britânica. No caso das Malvinas nunca houve uma população nativa, apenas colonos, piratas e pescadores de focas. Agora, com a descoberta de petróleo, o arquipélago tem mais uma fonte de riqueza.
Os moradores das Malvinas também enviaram um representante ao Comitê de Descolonizacão da ONU, Roger Edwards, que acusou a Argentina de empreender uma ;guerra econômica; contras as ilhas, ao pedir aos seus parceiros do Mercosul que bloqueiem a entrada em seus portos de navios com bandeira das Malvinas.