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Padre católico deixa Síria após trinta anos e se diz profundamente abalado

Cidade do Vaticano - "É o meu cadáver que deixa a Síria" onde "eu continuo cem por cento", afirmou nesta quinta-feira (14/6) o padre Paolo Dall;Oglio, jesuíta responsável pelo diálogo entre cristãos e muçulmanos, pouco antes de sua saída desse país. Entrevistado pela Rádio Vaticano, o religioso italiano que viveu durante trinta anos na Síria, se disse "profundamente amargurado" em deixar o país a pedido da Igreja e das autoridades.

[SAIBAMAIS]"Penso neste país dividido, sofrendo, mortalmente ferido. Nos inúmeros jovens na prisão, nas pessoas torturadas, nos jovens armados em diferentes trincheiras, que mereciam viver em um país em paz, pluralista e democrático", disse. "Os grandes jogos regionais fazem deles algumas vezes marionetes, outras vezes autores de uma guerra civil atroz", acrescentou.



"A crise síria é o trágico palco de um conflito regional entre sunitas e xiitas que já sacrificou o Líbano e o Iraque nesta lógica suicida", disse. O mosteiro de Mar Moussa, localizado 80 quilômetros ao norte de Damasco e restaurado por ele há trinta anos para receber monges, será mantido aberto, garantiu.

"Os sírios muçulmanos, mais ainda que os cristãos, tem um senso dos lugares sagrados muito aguçado, e o mosteiro dedicado à amizade entre islâmicos e cristãos será respeitado por todos", disse. Situado em uma região semi-desértica sobre uma colina onde só é possível ter acesso a pé, o mosteiro, do século VII, abriga uma pequena comunidade de monges.