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Egito convoca população para eleger islamita ou ex-premiê de Mubarak



[SAIBAMAIS]Nos últimos dias, Shafiq acusou a poderosa confraria de ter organizado atos violentos durante a revolta contra o regime de Mubarak no início de 2011, ou de ser a responsável pelo ataque no fim de maio contra seu quartel-general de campanha no Cairo. Shafiq afirmou que os eleitores "cometeram um erro" nas eleições ao tornarem a Irmandade Muçulmana a primeira força do Parlamento.

Para ter certeza de que poderá chegar à presidência, este ex-primeiro-ministro de Mubarak, de 70 anos, terá que esperar a decisão na quinta-feira do alto tribunal constitucional sobre uma lei que proíbe que os funcionários de alto escalão do antigo regime se apresentem às eleições.

O duelo Mursi-Shafiq "é a pior das situações possíveis. Se Shafiq vencer, significará que a revolução foi abortada. Se Mursi ganhar, significará que o país será governado pelo programa da Irmandade, rejeitado pela maioria dos egípcios", assegura Hassan Nafaa, um analista político. "Não se pode esquecer que no primeiro turno a maioria do país não votou nem por Mursi, nem por Shafiq", acrescentou.

Diante deste dilema, os militantes pró-democráticos começaram a mobilizar e convocaram os 50 milhões de eleitores a se abster ou a votar em branco. O Egito, país mais populoso do mundo árabe, com 82 milhões de habitantes, foi o segundo na região, depois da Tunísia, a ver seu presidente cair no ano passado pela pressão de uma revolta popular. Hosni Mubarak foi condenado no dia 2 de junho à prisão perpétua por sua responsabilidade na repressão da revolta.

O estado de saúde de Mubarak, de 84 anos, preso no Cairo desde sua condenação, pesa nas eleições presidenciais e no clima político geral do país. Várias fontes indicam que seu estado de saúde está piorando desde sua sentença. Além do Parlamento e do Senado, os islamitas também dominam a comissão encarregada de elaborar uma nova Constituição, que na terça-feira elegeu seus membros, indicou a imprensa.

Na ausência de uma Constituição (a que estava em vigor sob a era Mubarak está suspensa), os poderes que o próximo presidente terá em seu mandato de quatro anos são ainda pouco claros. O Exército egípcio, no poder desde a queda do regime e que prometeu cedê-lo ao presidente eleito antes do fim de junho, assegurou que será neutro e mobilizará 150 mil soldados para manter a segurança e evitar confrontos violentos durante a votação.