Londres - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, comparecerá na próxima quinta-feira (14/6) à comissão Leveson que investiga as práticas da imprensa britânica, após o escândalo de escutas telefônicas no extinto tabloide News of the World, do grupo News Corp. de Rupert Murdoch.
O ministro das Finanças, George Osborne, e o vice-premier, Nick Clegg, também devem testemunhar, respectivamente na segunda-feira e quarta-feira, na comissão presidida pelo juiz Brian Leveson, que evidenciou nas audiências os vínculos estreitos entre algunos executivos do grupo Murdoch e Cameron.
A comissão foi criada em julho do ano passado pelo premier britânico para analisar o escândalo dos grampos, após o fechamento do News of the World em consequência da onda de indignação provocada pela revelação de que o tabloide ouviu as mensagens do telefone celular de uma adolescente desaparecida que posteriormente foi encontrada morta.
A polícia suspeita que o News of The World procedeu escutas ilegais de centenas de pessoas para obter furos de reportagem. Cameron teve que justificar em várias ocasiões nos últimos meses a contratação de Andy Coulson, ex-diretor de redação do jornal, que atuou durante alguns meses como secretário de comunicação do primeiro-ministro.
A investigação independente confiada ao juiz Leveson também destacou os estreitos vínculos entre o premier conservador e Rebekah Brooks, ex-diretora da News International, a divisão do grupo Murdoch que edita jornais na Grã-Bretanha, e o marido desta, um amigo de infância de David Cameron.
Segundo os depoimentos ouvidos pela comissão, David Cameron confiou o processo da compra da BSkyB ao ministro da Cultura, Jeremy Hunt, que notoriamente era favorável à oferta apresentada por Rupert Murdoch para adquirir 100% da operadora de TV. A oposição exigiu nas últimas semanas a renúncia de Hunt.