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Crise síria é tema central de Cúpula que reúne União Europeia e Rússia

Damasco - Soldados e rebeldes voltaram a se enfrentar nesta segunda-feira (4/6) na Síria, um dia após o presidente Bashar al Assad se declarar disposto a acabar "a qualquer preço" com a crise, discutida na reunião de Cúpula entre a Rússia, sua principal aliada, e a União Europeia (UE).

Na cúpula, realizada em São Petersburgo, o presidente da UE, Herman Van Rompuy, pediu que o presidente russo, Vladimir Putin, supere as divergências para evitar uma guerra civil na Síria. Ressaltou ainda a necessidade da aplicação imediata do plano para a saída da crise do emissário da ONU e da Liga Árabe Kofi Annan.

"A União Europeia e a Rússia têm enfoques diferentes, mas estamos plenamente de acordo ao considerar que o plano Annan é a melhor oportunidade para acabar com o ciclo de violência na Síria, evitar uma guerra civil e caminhar para uma solução pacífica e duradoura", declarou Van Rompuy. "Precisamos nos esforçar para acabar imediatamente com todas as formas de violência na Síria e avançar em um processo político de transição", disse.

Putin, que rejeita qualquer sanção da ONU contra o regime de Damasco, não reagiu à menção de um "processo político de transição".

[SAIBAMAIS]O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse nesta segunda-feira (4/6) que o presidente Bashar al-Assad mente quando nega a responsabilidade de seu regime no massacre de mais de 100 civis na cidade de Huola, no centro do país.

Segundo Carney, as forças de Damasco dispararam contra civis inocentes em Houla e os "massacres com a participação do regime de Assad" são provas da necessidade de uma transição política no país.

"Junto com nossos parceiros internacionais, nos concentramos na preparação da transição política na Síria. É essencial que a comunidade internacional se una para pressionar Assad, para isolar Assad".

O presidente sírio reafirmou no domingo, em seu primeiro discurso desde janeiro, sua determinação em esmagar a revolta popular que eclodiu na "Primavera Árabe", em março de 2011.

Assad, que não reconhece o alcance do protesto, advertiu que "não haverá compromissos na luta contra o terrorismo", que a segurança do país estava em uma "linha vermelha" e que defenderá a Síria "a qualquer preço".

A violência não diminuiu nesta segunda-feira no país, onde 36 pessoas morreram - 18 civis, 16 soldados e dois rebeldes - segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). No domingo, o número de vítimas chegou a 46.

Ao amanhecer desta segunda-feira, os combates entre o Exército e os rebeldes recomeçaram na província de Idleb (noroeste), no bairro de Jabal al Zawiya, um reduto da rebelião.

Várias regiões de Idleb também foram bombardeadas durante a noite, informou o Conselho Nacional Sírio (CNS), a principal coalizão de oposição.

A violência continua, apesar da presença de 300 observadores das Nações Unidas, que têm como missão monitorar o cessar-fogo, em vigor desde 12 de abril, mas que é constantemente violado.

"Plano B"


Mais de 13.400 pessoas morreram na Síria desde o dia 15 de março de 2011, em sua maioria civis, pela repressão sangrenta do regime, segundo o OSDH.

Segundo diplomatas e especialistas, Annan, que começa a vislumbrar o fracasso de seu plano, deseja que a comunidade internacional faça todo o possível para que seja aplicado ou para que se encontre um "plano B" para resolver a crise.

No sábado deu a entender que sua mediação não alcançou seus objetivos, ao exigir, em uma reunião ministerial da Liga Árabe, em Doha, a análise profunda da estratégia para chegar a uma solução para a crise.

Annan discursará na quinta-feira, em Nova York, no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU.

O chefe da diplomacia alemã, Guido Westerwelle, que iniciou nesta segunda-feira na Turquia uma viagem pela região, alertou para a necessidade de se evitar a deterioração da situação, que poderia afetar toda a região.