Cairo - A televisão estatal egípcia irá transmitir ao vivo o veredicto do julgamento do ex-presidente Hosni Mubarak, de 84 anos, no sábado, uma decisão há muito aguardada e que será feita sob um forte esquema de segurança. Primeiro líder político deposto pela Primavera Árabe a comparecer pessoalmente perante os juízes, Mubarak é julgado desde agosto de 2011 por um tribunal criado em uma academia de polícia na periferia do Cairo.
[SAIBAMAIS]
A Promotoria pediu pena de morte, mas ele pode recorrer da sentença. Muitos esperam um veredicto mais brando ou a absolvição devido a sua idade e à falta de provas que o incriminassem durante as audiências. Sua defesa afirma que ele é inocente. A televisão estatal venderá as imagens para meios de comunicação estrangeiros por entre 7 e 10 mil dólares, indicou o presidente da rádio e da televisão estatal Tharwat al-Mekki, citado pela agência de notícias oficial Mena.
As primeiras audiências do julgamento de Hosni Mubarak, que começou em 3 de agosto do ano passado, foram transmitidas ao vivo e assistidas por milhões de egípcios. As imagens de Mubarak deitado sobre uma maca dentro de uma cela rodaram o mundo e são opostas à antiga imagem do oficial, cortejado internacionalmente e temido no próprio país.
O juiz Ahmed Rifaat ordenou que as câmeras saíssem da sala no momento em que as testemunhas foram chamadas para depor. Várias audiências foram fechadas para ouvir funcionários do governo egípcio, como o marechal Hussein Tantawi, que dirige o conselho militar no poder.
Nada menos do que 5 mil policiais e 2 mil soldados serão mobilizados para garantir a proteção do tribunal para onde o ;Rais; deposto deve ser transportado de helicóptero. Mubarak está em prisão preventiva em um hospital militar. Sua saúde é alvo de informações fragmentadas e, muitas vezes, contraditórias. O líder deposto teria câncer, depressão e problemas cardíacos.
O jornal Al-Akhbar escreveu em sua manchete "O veredicto do julgamento do século", enquanto o Al-Gomhuriya afirmava que os preparativos se aceleravam na prisão de Tora, em um subúrbio ao sul do Cairo, onde ele poderá cumprir a pena. Mubarak foi acusado de corrupção e envolvimento na morte de mais de 800 manifestantes, assassinados em janeiro-fevereiro de 2011 durante a revolta que o derrubou, ele nega.
O ex-ministro do Interior, Habib el-Adli, e seis outros ex-funcionários da segurança também foram processados pelas mesmas razões. Os dois filhos, Gamal e Alaa, estão em julgamento por corrupção no mesmo processo. O veredicto deve ser anunciado em plena eleição presidencial multipartidária.
A disputa do segundo turno será travada nos dias 16 e 17 de junho por Mohamed Mursi, candidato da Irmandade Muçulmana, movimento ilegal durante o antigo regime, e o último primeiro-ministro de Mubarak, Ahmad Shafiq. Ex-chefe da Força Aérea egípcia e vice-presidente de Anwar al-Sadat, Mubarak assumiu a liderança do país após o assassinato deste último em 1981.