Tóquio - Submetida ao desastre de um devastador terremoto e a um acidente nuclear em março de 2011, a sociedade japonesa vive agora uma enorme polêmica sobre a reativação ou não de seus reatores, decisão que em última instância ficou nas mãos do primeiro-ministro, Yoshihiko Noda.
As unidades 3 e 4 da central nuclear de Oi, no oeste do país, que foram desconectadas respectivamente nos dias 18 de março e 22 de julho de 2011, encontram-se no centro do espetacular debate nacional sobre a conveniência de sua reativação. O próprio primeiro-ministro buscou resolver a discussão ao adiantar que tomará "pessoalmente uma decisão com toda a responsabilidade".
Dos 50 reatores atômicos do Japão, todos eles interrompidos desde o acidente ou por trabalhos de manutenção, os dois da central de Oi são os primeiros que puderam ser reativados. Embora as unidades da central de Oi já tenham recebido autorização da Agência de Segurança Nuclear, restam duas fases mais políticas do que técnicas: conseguir autorização do município e, posteriormente, a assinatura definitiva do primeiro-ministro.
Na quarta-feira (30/5), depois de intensas reuniões com delegados regionais e com os ministros de Meio Ambiente e de Indústria, Noda disse que considerava "ter, em alguma medida, recolhido a visão das autoridades locais da região de Kansai", no oeste do país, próxima à central de Oi. O município de Oi já se manifestou claramente a favor da reativação das duas unidades, alegando que a prolongada interrupção das operações teve repercussões ruins na economia e, sobretudo, no nível de emprego.
[SAIBAMAIS]Os escritores Kensaburo Oe (Prêmio Nobel de Literatura) e Haruki Murakami integram um grupo de intelectuais que emitiu uma nota onde afirmam que o governo tem agora a oportunidade de reparar um lamentável erro do passado: construir centrais nucleares em terrenos com movimentos sísmicos e em um país afetado pelas bombas atômicas.