Damasco - Pelo menos 73 pessoas morreram nesta sexta-feira (25/5) na Síria, a maioria em Houla (centro), onde 50 civis foram mortos pelos bombardeios das forças do governo, enquanto blindados do regime entraram pela primeira vez desde o início da revolta em Aleppo (norte).
Mais de 50 civis, incluindo 13 crianças, foram mortos e 100 ficaram feridos nesta sexta-feira (25/5) em bombardeios das forças do governo à cidade de Houla, no centro da Síria, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Enquanto isso, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em seu último relatório sobre o conflito obtido nesta sexta-feira (25/5) pela AFP, afirmou que os grupos sírios que lutam contra o governo do presidente Bashar al-Assad controlam atualmente partes "significativas" de algumas cidades.
Os esforços das Nações Unidas para por fim ao conflito tiveram apenas "pequenos progressos" e a missão da ONU foi testemunha de uma "considerável destruição física", indicou Ban no relatório enviado ao Conselho de Segurança. [SAIBAMAIS]
Em Aleppo, segunda maior cidade do país, dezenas de milhares de pessoas protestaram contra o governo de Bashar al-Assad e, de acordo com o OSDH, os blindados circulavam nos bairros de Kalassé e Boustane al-Kasr. "São as maiores manifestações em Aleppo" desde o início da revolta, em março de 2011, havia dito Rami Abdel Rahmane, presidente do OSDH. "São manifestações inéditas e massivas depois de Aleppo ter se mantido afastada no primeiro ano da revolta".
A trégua anunciada há mais de um mês é violada diariamente, o que levou o emissário especial das Nações Unidas e da Liga Árabe Kofi Annan a decidir viajar em breve para a Síria. Seu porta-voz, Ahmad Fawzi, ressaltou nesta sexta-feira que Annan estava finalizando os preparativos da viagem, mas se negou a indicar a data por razões de segurança.
Dezenas de milhares de ativistas saíram às ruas em Aleppo e em Idleb, no norte da Síria, desafiando os ataques do Exército. Helicópteros do Exército sírio bombardearam nesta sexta-feira (25/5) pela primeira vez localidades curdas hostis ao governo, deixando vários feridos, indicou o OSDH.
Pelo menos quatro policiais perderam a vida em combates com rebeldes em Kanseba, na mesma região. "É a primeira vez que esta região, conhecida com o nome de montanha dos curdos, é alvo de bombardeios aéreos. É uma zona montanhosa muito escarpada onde o acesso dos veículos é difícil", indicou à AFP o presidente do OSDH, que apostou a existência de vinte feridos entre os moradores. Na província de Idleb (noroeste), "dezenas de milhares pessoas protestaram também" em várias localidades controladas pelos rebeldes, indicou Abdel Rahmane.
Apesar dos bombardeios e dos tiros, milhares de manifestantes se manifestaram em Homs e em Hama (centro), em Deir Ezzor (leste) e em Deraa, no sul do país. Onze pessoas morreram nessas áreas, segundo o OSDH. "Nosso próximo encontro, Damasco"
Os militantes pró-democracia convocaram nesta sexta-feira manifestações com o lema "Nosso próximo encontro, Damasco", e pediram que seja intensificado o movimento contra o governo na capital.
Durante a tarde, as forças de ordem lançaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes no bairro de Midan, em Damasco, segundo o OSDH, que indicou outras concentrações na capital e em sua periferia, onde uma criança foi morta a tiros por um franco-atirador. "O Exército Sírio Livre chega. Fujam, covardes milicianos", era possível ler em uma faixa no bairro rebelde de Al-Asali, em referência às milícias civis do regime.
Segundo o OSDH, mais de 12.000 pessoas morreram na Síria desde o começo da rebelião contra o regime, em março de 2011, em sua maioria civis mortos pelas forças do governo.