Havana - O opositor cubano Oswaldo Payá criticou nesta sexta-feira (18/5) os intelectuais laicos próximos ao cardeal Jaime Ortega, e os acusou de serem excludentes e agirem como comissários políticos, em um novo capítulo da polêmica pelo diálogo entre a Igreja e o regime comunista.
Os intelectuais laicos que escrevem nas revistas do arcebispado de Havana impõem linhas, determinam e querem excluir ou incluir e agem como verdadeiros comissários políticos, muitas vezes no mesmo estilo repressivo do Governo, afirmou Payá, vencedor do Prêmio Sajarov 2002 do Parlamento Europeu.
Os "comissários políticos" eram oficiais designados pelo Partido Comunista soviético às unidades do Exército Vermelho após a revolução de 1917 para doutrinar os soldados e assegurar sua fidelidade. Funcionários similares também existiram na França revolucionária do século XVIII e em outros países. Cuba conta com oficiais "políticos" similares nos institutos armados.
O diálogo, que neste sábado completa dois anos, entre bispos e o presidente Raúl Castro, permitiu a libertação de 130 presos políticos e deu maior espaço à Igreja na sociedade, embora não tenha propiciado uma abertura política na ilha.