Damasco - Os atentados mortais se multiplicam na Síria, apesar da presença de cerca de metade dos 300 observadores internacionais da missão da ONU e da aproximação de novas sanções contra o governo.
A repressão e os combates entre soldados e desertores fizeram mais oito vítimas fatais neste sábado, quatro civis e quatro militares, dois dias antes da implementação de novas sanções europeias.
Um civil foi morto pelo exército em Mourk, província de Hama (centro), enquanto outro recebeu disparos de um franco-atirador na região de Deir Ezzor (leste), segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH). As duas outras vítimas civis foram mortas em Idlib (noroeste).
Por sua vez, soldados das forças regulares e desertores que passaram à oposição se enfrentaram nas regiões de Deraa (sul), Homs (centro) e Idlib, onde os quatro soldados morreram, acrescentou o OSDH.
Em contrapartida, dois jornalistas turcos foram libertados depois de dois meses de prisão na Síria.
O cinegrafista Hamit Coskun e o jornalista Adem ;zk;se, do jornal de tendência islamita Milat, entraram na Síria no início de março para realizar um documentário sobre a situação neste país vizinho da Turquia.
A comunidade internacional, que acaba de enviar mais 145 observadores, quase metade de um total de 300 que devem chegar ao país para monitorar a aplicação do cessar-fogo, tem sido incapaz de acabar com a violência, que já matou ao menos 12.000 pessoas em 14 meses de contestação, de acordo com Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
O regime de Bashar al-Assad afirma que combate "gangues terroristas armadas" e as culpa pelos ataques que atingem o país desde dezembro de 2011.
Esses ataques aumentaram recentemente, particularmente desde a entrada em vigor do cessar-fogo, em 12 de abril, que é diariamente violado.
Muitos desses ataques foram reivindicados por um pequeno grupo obscuro, a Frente al-Nosra, desconhecida até o início da revolta na Síria.
Neste sábado, o grupo extremista reivindicou a autoria dos atentados que mataram 55 pessoas na quinta-feira em Damasco, segundo a imprensa oficial.
O grupo afirmou que os atentados foram "uma resposta ao bombardeio do regime aos bairros residenciais".
O jornal do governo As-Sura culpou a Al-Qaeda, apoiada pelos "Estados Unidos e o ocidente".
Já a oposição afirmou que o regime realiza estes ataques para sabotar o plano de paz e de saída da crise do emissário internacional Kofi Annan.
O enterro das vítimas de quinta-feira foi realizado no início da tarde de hoje em Damasco, com a presença de membros do regime.
Na sexta-feira, dia tradicional de mobilização desde o início da revolta, em março de 2011, dezenas de milhares de sírios enfrentaram os disparos das tropas para demonstrar sua oposição ao regime. A violência provocou a morte de 15 pessoas, entre elas 12 civis.
Segundo o OSDH, 938 pessoas, incluindo 662 civis, morreram devido à violência no país desde o início da trégua, e dezenas de milhares foram presas pela repressão.
Neste sábado, oito militantes, entre eles a blogueira Razan Ghazzawi, um dos símbolos da contestação, foram libertados até seu julgamento, no fim do mês, por "posse de publicações proibidas", de acordo com o advogado dos direitos humanos Anuar Bunni.