Washington - Uma equipe de arqueólogos descobriu os calendários astronômicos maias mais antigos de que se tem notícia e que descartam o fim do mundo em 2012, revelou um estudo publicado nesta quinta-feira (10/5) nos Estados Unidos.
A descoberta se deu durante as escavações em uma casa, no sítio de Xultún, na Guatemala e, contrariando a crença popular, não dá qualquer indício de que o fim do mundo ocorrerá este ano, afirmou o arqueólogo William Saturno, da Universidade de Boston, que chefiou a expedição e a escavação.
"Os antigos maias previram que o mundo continuará e que em 7.000 anos as coisas serão exatamente como eram então", acrescentou Saturno.
Em um dos quartos da residência, os muros estão cobertos de hieroglifos, com símbolos gravados na pedra e que na maior parte representam números de cálculos relacionados aos diferentes ciclos do calendário maia.
Trata-se de um calendário cerimonial de 260 dias, do calendário solar de 365 dias, bem como do ciclo anual de 584 dias do planeta Vênus e do de 780 dias de Marte, enquanto os demais acompanham as outras fases lunares, explicou.
Os hieroglifos são do século IX, isto é, centenas de anos mais antigos que os calendários dos Códices Maias, que foram registrados em livros de 1300 a 1521.
Segundo Saturno, as inscrições parecem a tentativa de alguém para decifrar um grande problema matemático, como se um muro fosse um quadro negro.
"Pela primeira vez podemos ver quais são os dados guardados por um escriba, cujo trabalho era o de guardar os dados na comunidade maia", explicou Saturno.
"O mais excitante é a revelação de que os maias se dedicavam a fazer cálculos durante centenas de anos e em locais diferentes dos livros, antes que fossem gravados os Códices", que representam os arquivos desta civilização pré-colombiana, em grande parte destruída pelos conquistadores espanhóis, afirmou Anthony Aveni, professor de astronomia da Universidade Colgate (Nova York, nordeste), co-autor deste estudo.
Até mesmo nos 31 quilômetros quadrados do sítio de Xultún, que se situa no centro da selva onde dezenas de milhares de pessoas viveram no passado, descoberto há mais de 100 anos, a casa onde o calendário foi encontrado só foi identificada em 2010.
Os cientistas afirmam que as escavações que revelaram as pinturas internas, que incluem figuras humanas usando vestimentas com plumas, são os primeiros exemplos de arte maia no interior de uma casa, como destaca David Stuart, professor de arte meso-americana da Universidade do Texas, em Austin (sudoeste), que decifrou os hierogrifos.
"É estranho que as descobertas de Xultún existam", afirmou Saturno. "Estas inscrições e trabalhos de arte nos muros não se conservam bem nos terrenos baixos dos maias, especialmente em uma casa enterrada apenas um metro sob a superfície", acrescentou.
Os trabalhos serão publicados nesta sexta-feira da revista americana Science e na edição de junho da National Geographic.