Jornal Correio Braziliense

Mundo

Bomba explode durante passagem de observadores e deixa feridos na Síria

Deraa - Uma explosão nesta quarta-feira (9/5) na entrada da cidade síria de Deraa, sul do país, na passagem de um comboio de observadores da ONU, a bordo do qual estava o líder do grupo, o general norueguês Robert Mood, deixou seis soldados feridos.


Atos de violência causaram a morte de oito pessoas em outras áreas do país, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede na Grã-Bretanha.

A explosão de Deraa foi a primeira na passagem dos observadores, mobilizados desde 15 de abril para vigiar o cessar-fogo, diariamente violado. Um fotógrafo da AFP que acompanhava o comboio afirmou que a explosão ocorreu após a passagem dos quatro veículos da ONU. A 150 metros de distância estavam os veículos do Exército sírio e dos jornalistas, que foram "projetados no ar".

O general norueguês Mood estava acompanhado de vários oficiais, incluindo o seu porta-voz Neeraj Singh, mas nenhum deles ficou ferido. Os jornalistas também escaparam ilesos.

"É um exemplo concreto da violência que os sírios não precisam. É imperativo que qualquer tipo de violência cesse", afirmou Mood, citado por Singh.

"Atualmente, 70 observadores estão mobilizados na Síria. Serão 100 nos próximos dias", acrescentou o general, que notificou a presença de quatro observadores em Aleppo (norte).

Por sua vez, Samir Nashar, membro do gabinete executivo do CNS, declarou que "com estes ataques, a política do regime busca afastar os observadores do campo de batalha" e "corroborar sua teoria sobre a presença de terroristas e salafistas na Síria, o que não corresponde à realidade".

O porta-voz de Kofi Annan confirmou a explosão e afirmou que nenhum observador foi atingido, mas que vários soldados sírios foram feridos, enquanto Paris condenou o ataque e criticou o regime "por sua responsabilidade na segurança dos observadores".

Paralelamente, tropas do regime atacaram Duma, perto de Damasco, ignorando o plano de saída da crise de Annan, caracterizado por ele "como a última chance de evitar a guerra civil".

O emissário internacional reconheceu a dificuldade de convencer o regime e a rebelião de depor suas armas e ressaltou que "ainda há violações graves" cometidas por todas as partes, mesmo com a ligeira diminuição da atividade militar.

Desde o início do cessar-fogo, em 12 de abril, mais de 800 pessoas morreram, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

De acordo com diplomatas, Annan teme a intensificação das violações aos direitos humanos.

No Líbano, uma senhora de 70 anos foi morta pelo exército sírio na fronteira entre os dois países, de acordo com um líder local.

Já os rebeldes pediram uma intervenção internacional, como as operações da Otan na Líbia, para evitar que a Síria mergulhe em uma guerra civil.

Em entrevista ao jornal saudita Asharq al-Awsat, o comandante do Exército Sírio Livre (ESL), o coronel Riad Assaad, ameaçou retomar os ataques contra as tropas do governo, caso estes não interrompam suas operações.

Questionado sobre as eleições legislativas realizadas na segunda-feira, Annan respondeu que o governo deve entender que "talvez sejam necessárias novas eleições" e que esta consulta pública não faz parte de seu plano de paz, que preconiza o diálogo entre governo e oposição.

A contagem dos votos ainda está em curso dois dias depois da votação, caracterizada como "mascarada" e "uma farsa" pela oposição e comunidade internacional.

"Ainda não podemos definir uma data para a divulgação dos resultados", disse à televisão estatal o chefe da comissão eleitoral, que afirmou que uma nova votação deve acontecer nesta quarta-feira em Hasakah.

Em Genebra, Annan afirmou esperar que os outros 300 observadores da ONU cheguem ao país até o fim do mês.

"Os Estados Unidos estão determinados a aumentar a pressão sobre o regime Assad", afirmou por sua vez a embaixadora americana na ONU, Susan Rice.

Quase 12.000 pessoas, em sua maioria civis, morreram na Síria desde o início dos protestos, em março de 2011, segundo o OSDH.