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Derrota da direita e avanço dos radicais nas eleições municipais italianas

Roma - A direita de Silvio Berlusconi sofreu uma derrota no primeiro turno das eleições municipais parciais realizadas entre domingo (6/7) e segunda-feira (7/7), que se destacaram também pelo avanço das formações contrárias aos partidos tradicionais, fruto do descontentamento social.

As eleições se caracterizaram por um forte aumento da abstenção em processos que contam, normalmente, com a participação de muitos italianos. A taxa de participação foi de 67%, sete pontos a menos que em 2007.

O movimento "Cinco Estrelas", do comediante Beppe Grillo, que luta contra a "partidocracia" obteve bons resultados, especialmente em cidades como Gênova e Parma, onde poderá ficar na segunda ou na terceira posição, segundo estimativas do Instituto Piepoli divulgadas pela televisão pública RAI.

Estas eleições eram consideradas como um primeiro teste político para o atual chefe de governo, o ex-comissário europeu Mario Monti, e sua política de austeridade, seis meses depois de sua chegada ao poder, pondo fim ao reinado de Berlusconi, marcado pela corrupção e os escândalos.

O segundo turno será realizado nos dias 20 e 21 de maio.

Os primeiros resultados divulgados mostram um importante retrocesso do Povo da Liberdade (PDL), o partido conservador do ex-chefe do governo Silvio Berlusconi, assim como daquele que foi seu aliado no governo, a Liga Norte, nos 941 municípios (em mais de 8.000 no total) convocados às urnas para eleger seus prefeitos, entre eles os de 26 capitais de províncias ou cidades importantes.

"Sofremos uma derrota", reconheceu o secretário geral do PDL, Angelino Alfano.

"Nós nos equivocamos ao escolher os candidatos (...) Temos a mania de eleger caras bonitas sem nos informarmos sobre a experiência deles, quando o que as pessoas querem são pessoas confiáveis", acrescentou o coordenador nacional da formação conservadora, Ignazio La Russa.

[SAIBAMAIS]Já os candidatos do Partido Democrata (PD, principal formação de esquerda) estão "na liderança em uma grande maioria de municípios de mais de 15.000 habitantes", comemorou Davide Zoggia, responsável pela formação, que destacou, além disso, que "em vários casos, a direita não chegará nem ao segundo turno".

Em Palermo (Sicília), a maior das cidades em que houve eleições, dois candidatos da esquerda se enfrentarão no segundo turno: Leoluca Orlando (46,3%), porta-voz da Itália dos Valores, e Fabrizio Ferrandelli (17%), candidato do Partido Democrata (PD).

O êxito do "Cinco Estrelas" está "no ar, são fenômenos que acontecem em um momento em que as pessoas se sentem desorientadas", reagiu a ministra do Interior, Annamaria Cancellieri.

Segundo as mesmas estimativas, o prefeito de Verona (norte), Flavio Tosi, um dos líderes da Liga Norte, será reeleito no primeiro turno, depois de conseguir o apoio de 57,2%.

O caso de Tosi é uma exceção para a Liga, o partido que fundamenta seu programa na luta contra "Roma a ladra", mas que viu vários de seus dirigentes serem investigados por desvio de dinheiro público.

A Liga, que defende a autonomia do norte do país, recua com força em seus tradicionais feudos como Varese, Como e Bérgamo.