Jornal Correio Braziliense

Mundo

Com agenda presidencial cheia, François Hollande não terá vida fácil

Paris - Contatos imediatos com os dirigentes europeus, cúpulas, preparação do governo e das legislativas, estreita margem de manobra devido à crise: após sua eleição para a Presidência da França no domingo (6/5) e a comemoração triunfal de seus partidários na Praça da Bastilha, François Hollande não terá uma vida fácil. Eleito com 51,62% dos votos contra o presidente conservador Nicolas Sarkozy (48,38%), segundo os resultados definitivos anunciados nesta segunda-feira (7/5) pelo Ministério do Interior, Hollande havia previsto esta realidade.
[SAIBAMAIS]
Nesta segunda-feira, foi uma pessoa próxima, o deputado socialista Michel Sapin, que considerou que Hollande não terá uma vida fácil devido à situação difícil do ponto de vista econômico. Hollande, que assumirá a Presidência no dia 15 de maio, providenciará rapidamente contatos com os presidentes europeus para promover sua proposta de modificar o tratado fiscal europeu a fim de somar a ele um capítulo de apoio ao crescimento.

Pouco depois, diante de milhares de franceses que comemoraram sua vitória na histórica Praça da Bastilha de Paris, ele insistiu na dimensão europeia de seu projeto. No entanto, diante da crise que continua afetando a Europa, sua margem de manobra será estreita quando precisar conciliar suas promessas sociais, que envolvem novos gastos, e seu compromisso de sanear as finanças francesas com o objetivo de chegar ao equilíbrio orçamentário em 2017.

Em sua equipe, há o desejo da aplicação em nível europeu "muito rapidamente" de "ferramentas de estímulo ao crescimento por meio de investimentos e de emprego" para alcançar os objetivos orçamentários. Hollande indicou que sua primeira visita ao exterior será à Alemanha para se reunir com a chanceler Angela Markel. Ela telefonou para seu colega francês no domingo para felicitá-lo e convidá-lo a Berlim. Como ela, os outros dirigentes conservadores europeus, que evitaram se reunir com ele durante a campanha, o telefonaram para felicitá-lo.

Nesta segunda-feira, a chanceler alemã garantiu que o presidente eleito da França será recebido "com os braços abertos" durante a sua primeira visita a Berlim. O presidente americano, Barack Obama, convidou Hollande para uma reunião bilateral antes do G8, previsto para os dias 18 e 19 de maio nos Estados Unidos.

O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, felicitou calorosamente Hollande e lembrou em um comunicado que compartilha com ele a convicção de que é preciso investir no crescimento. O presidente do governo espanhol, o conservador Mariano Rajoy, declarou nesta segunda-feira que conversará durante o dia com Hollande.

François Hollande também tem que se voltar imediatamente para a formação de seu novo governo, começando pela nomeação do primeiro-ministro, e a preparar as próximas legislativas de junho, que muitos abordam como um terceiro turno. Em seu discurso na Bastilha, Hollande convocou os franceses a darem a ele a maioria nestas eleições, previstas para os dias 10 e 17 de junho e nas quais será renovada a câmara baixa do Parlamento, atualmente dominada pelo partido de Sarkozy.

Pessoas próximas reiteraram nesta segunda-feira esta convocação para "confirmar e ampliar" a vitória da eleição presidencial, enquanto a direita já entra na campanha advertindo que, se os socialistas também vencerem nas legislativas, haverá uma excessiva concentração de poder na França.