Jerusalém - Israel legalizou nesta terça-feira (24/4) três colônias ilegais, uma decisão condenada pelo presidente palestino Mahmud Abbas, que coloca como condição o fim da colonização para retomar as negociações de paz.
O governo israelense autorizou a posteriori as colônias de Bruchin (350 habitantes), Rechelim (240 habitantes), no norte da Cisjordânia, e Sansana (240 residentes), no sul do território palestino.
Um comitê ministerial "decidiu formalizar os status de três comunidades estabelecidas nos anos 90 após decisões de governos anteriores", indicou o gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
Um responsável israelense ressaltou que "a decisão não muda a realidade no local", não envolve o estabelecimento "de novas colônias nem a extensão de colônias existentes".
"A decisão de legalizar três colônias ilegais é a resposta prevista à carta do presidente Abbas para o primeiro-ministro Netanyahu", declarou à AFP o porta-voz de Abbas, Nabil Abu Rudeina.
Em um comunicado, o governo palestino "condenou a continuação por parte de Israel do desenvolvimento da colonização", assim como a legalização de enclaves de colonização e convocou a comunidade internacional a se opor a isso "porque destrói as possibilidades de paz e a solução dos Estados".
O negociador palestino Saeb Erakat entregou no dia 17 de abril a Netanyahu uma carta de Abbas exigindo, para retomar as negociações de paz, uma série de compromissos, entre eles o reconhecimento das fronteiras de 1967 como base para as discussões e o congelamento da colonização.
O primeiro-ministro israelense deve responder "em duas semanas".
Mas os responsáveis palestinos antecipam uma resposta negativa e se dispõem a retomar suas gestões nas Nações Unidas.
"O assunto da carta palestina e a resposta israelense não devem ser superestimados, já que conhecemos a resposta israelense", ressaltou na segunda-feira uma dirigente da Organização de Libertação da Palestina (OLP), Hanane Achraui.
"A próxima etapa deve ser a Assembleia Geral da ONU", habilitada para dar à Palestina o status de Estado não membro, disse.
[SAIBAMAIS]Segundo Hagit Ofran, responsável do movimento israelense anticolonização "A Paz agora", "é a primeira vez desde 1990 que o governo de Israel decide estabelecer novas colônias, e a manobra do governo de instalar um comitê para o estabelecimento de colônias é para ocultar (sua) verdadeira política".
Para a comunidade internacional, todas as colônias são ilegais, sejam ou não autorizadas pelo governo israelense.
Mais de 340 mil colonos israelenses vivem na Cisjordânia e mais de 200 mil em bairros de colonização em Jerusalém Oriental.