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Bahrein descarta cancelamento de GP de Fórmula 1, apesar de tumultos

Dubai - A contestação xiita no Bahrein nesta sexta-feira (20/4) afetou o Grande Prêmio de Fórmula 1, e uma equipe não participou do segundo treino livre e o príncipe herdeiro descartou a possibilidade de um cancelamento da corrida, o que faria, segundo ele, "o jogo dos extremistas".

Milhares de pessoas se manifestaram no final da tarde em Budaya, 4 km a oeste de Manama. A multidão gritava "Abaixo a ditadura", "Revolta até a vitória". Alguns vestiam camisetas com as palavras "Prontos para morrer pelo Bahrein", disseram testemunhas.

Os repetidos protestos, convocados pela oposição xiita que exige reformas constitucionais neste reino governado por uma dinastia sunita, levaram a um reforço da segurança ao redor do circuito de Sakhir, nas proximidades de Manama.

Vários carros da polícia estavam estacionados ao redor de Manama, um veículo blindado foi colocado próximo ao acesso do circuito e cordões de segurança nas entradas para o público, segundo jornalistas.

A equipe Force India, que decidiu não participar do segundo treino livre desta tarde, alegou "razões logísticas". Na quarta-feira (18/4), quatro membros da escuderia viram um coquetel molotov explodir em frente ao seu carro, enquanto estavam presos no engarrafamento a caminho do hotel. Ninguém ficou ferido.

"Eles foram informados de que poderiam ter uma escolta de segurança, se quisessem, mas ainda não recebi uma resposta. Eu até estou pronto para voltar com eles para o hotel, no mesmo carro", respondeu o grande financiador da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, sobre este incidente.

"O ataque ocorrido perto da Force India tinha como alvo a polícia, em nenhum momento alguém na Fórmula 1 esteve em perigo", assegurou o príncipe herdeiro do Bahrein, Salman bin Hamad al-Khalifa, durante uma coletiva de imprensa improvisada no paddock do circuito de Sakhir.

Ele descartou qualquer possível cancelamento da corrida de domingo, como aconteceu no ano passado devido à instabilidade no país. "A anulação faria o jogo dos extremistas", alertou.

Dois funcionários de equipes de Fórmula 1, o italiano Stefano Domenicali (Ferrari) e o britânico Robert Fernley (Force India), expressaram-se claramente a favor das reformas exigidas pela oposição no Bahrein.

Os distúrbios dos últimos dias têm se limitado às aldeias xiitas distantes do circuito.

Na noite anterior, confrontos entre dezenas de manifestantes convocados pelo movimento "Jovens de 14 de fevereiro", um grupo radical, e as forças de segurança foram registrados em várias aldeias xiitas, segundo testemunhas.

A polícia usou gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral. Alguns manifestantes responderam com coquetéis molotov.

"Por volta de quinze pessoas foram feridas por disparos de balas de borracha efetuados pela polícia ou intoxicadas por gás lacrimogêneo", disse à AFP Mascati Mohamed, chefe da Associação de Jovens do Bahrein pelos Direitos Humanos (oposição).

As ONGs internacionais criticaram a realização da corrida, em plena crise política no reino, parente pobre das monarquias ricas petrolíferas do Golfo.

Em uma operação preventiva antes do GP, as autoridades prenderam cerca de cem dirigentes e ativistas do movimento, afirmou Mascati.

As manifestações ficaram mais violentas a partir de quinta-feira. Até então, os partidos da oposição, cuja principal formação é o xiita Al-Wefaq, haviam se manifestado sem incidentes.

Mas o coletivo dos "Jovens de 14 de fevereiro" convocaram "três dias de fúria" para coincidir com o Grand Prix, sob o lema "Não à Formula de sangue".