Johannesburgo - O polígamo presidente sul-africano Jacob Zuma se prepara, aos 70 anos, para celebrar neste fim de semana seu sexto casamento, com o qual se converte assim em marido de quatro mulheres e reativa a polêmica sobre seus hobbies e estilo de vida como chefe de Estado.
Vestido com as tradicionais peles de leopardo, o presidente sul-africano se casará com sua noiva de anos, Bongi Ngema, em uma cerimônia que será realizada em sua aldeia nadal de Nkandla, na região zuli. Ngema será sua quarta esposa, já que Zuma se divorciou de uma delas e é viúvo de outra.
"Será uma cerimônia privada. Só sei que será realizada nesta semana, mas não tenho outros detalhes", disse o porta-voz da presidência, Mac Maharaj.
Este casamento de Zuma será o terceiro em pouco mais de quatro anos e o segundo desde sua chegada ao governo, já que a Constituição autoriza a poligamia no âmbito do direito consuetudinário, embora o direito comum não a reconheça.
Em seus casamentos anteriores, Zuma, pai de 21 filhos, foi visto dançando com suas roupas zulu tradicionais, e estas imagens do presidente tiveram mais impacto no exterior do que sua própria gestão à frente da maior potência econômica africana.
Na África do Sul, o anúncio de seu novo casamento foi recebido sem entusiasmo por uma oposição pública desencantada diante do comportamento de vários veteranos da luta contra o apartheid, pelos casos de corrupção e pelo aumento das desigualdades.
O casamento foi anunciado pela imprensa com títulos irônicos. "Zuma se casa... outra vez", apontou um jornal. "Esperamos que seja a última", disse outro.
"O maior problema com seus casamentos é que o contribuinte paga uma parte dos gastos", criticou um editorial do jornal The Sowetan, além de denunciar a mensagem "pouco exemplar" enviada em um país onde as relações sexuais com muitas pessoas facilitaram o caminho para uma epidemia de Aids.
"É como se enviasse uma mensagem de: ;façam o que eu digo, mas não o que eu faço;", afirmou o jornal. "É difícil ver como poderá dar aos seus filhos a atenção que precisam", sustentou, e acrescentou que "seu comportamento pode dar a impressão de que se interessa mais pelo prazer do que por governar o país".
A presidência tentou evitar a polêmica em um comunicado no qual afirmou que o presidente pagará a festa com seus próprios recurso.
A nota também informou que "as esposas não são remuneradas pelo Estado" e que os gastos da educação de seus filhos não sairiam dos cofres públicos.
No entanto, o comunicado não impediu a polêmica. Em um país onde 40% da população vive em uma pobreza indigna das esperanças nascidas há 18 anos com a queda do apartheid, o ritmo de vida do presidente fere o sentido comum.
"A linha oficial é que não custa mais caro o fato de que o presidente tenha várias esposas, mas se olharmos os números a fatura aumentou", comentou Lucy Holbron, diretora de pesquisas do Instituto Sul-Africano para as Relações Raciais.