Díli - O ex-comandante das Forças Armadas Taur Matan Ruak foi eleito nesta segunda-feira (16/4) presidente de Timor Leste, e terá pela frente a tarefa de dirigir esta jovem nação asiática devastada por décadas de conflitos e da qual os capacetes azuis da ONU se retirarão no fim do ano. Taur Matan Ruak obteve 61,23% dos votos no segundo turno da eleição, realizado nesta segunda-feira. O ex-presidente do Parlamento Francisco Guterres, conhecido como "Lu Olo", recebeu 38,77% de votos. A participação foi de 73%.
O atual presidente e prêmio Nobel da Paz, José Ramos Horta, ficou na terceira posição no primeiro turno e não disputou as eleições de segunda-feira. Depois de várias décadas de violência, os habitantes da parte oriental de Timor foram às urnas na esperança de uma paz duradoura na hora de eleger o sucessor de Ramos-Horta.
A eleição presidencial, seguida das legislativas de 7 de julho, foi a segunda desde a independência, ocorrida em maio de 2002, deste minúsculo país de 1,1 milhão de habitantes, em sua maioria católicos. Ruak e Guterres viveram durante anos na selva, no comando da guerrilha contra as tropas indonésias que invadiram o país depois da retirada da potência colonial portuguesa, em 1975. Mais de um quarto da população foi dizimado no conflito até 1999.
Taur Matan Ruak, conhecido como "TMR", um nome de guerra que significa "olhos penetrantes", foi comandante das Forças de Defesa de Timor Leste (Falintil), o braço armado da Fretilin. Desde então, jamais deixou de vestir o uniforme, liderando as Forças Armadas até 2011. E foi vestido de militar que este general de 55 anos fez campanha, prometendo instaurar o serviço militar.
As Nações Unidas recomendaram em um relatório que TMR fosse acusado por um suposto tráfico de armas durante os episódios de violência de 2006, quando Timor esteve à beira da guerra civil. Apoiado pelo CNRT, o partido de centro-esquerda do atual primeiro-ministro Xanana Gusmão, Taur Matan Ruak não foi afetado pelas acusações de corrupção contra o governo: a ministra da Justiça foi recentemente suspensa após a abertura de uma investigação contra ela.
"Lu Olo", de 57 anos, era apoiado pelo agora partido Frente Revolucionária de Timor Leste, que mantém algum prestígio entre a população por ter comandado os combates contra os indonésios. José María Vasconcelos, o verdadeiro nome do novo presidente, terá importantes desafios pela frente: garantir uma paz duradoura, apesar da partida da força da ONU prevista para o final deste ano, e tirar seus compatriotas de uma pobreza endêmica, apesar dos promissores recursos oriundos dos hidrocarbonetos.
A descoberta de uma jazida de hidrocarbonetos acendeu a esperança de que o país se desenvolva economicamente. Também preocupa a dependência que possa ter desses hidrocarbonetos, em um Estado que cobre mais de 90% de seus gastos graças ao ouro negro e ao gás.