Bissau - Um grupo de militares tomou nesta quinta-feira (12/4) à noite o controle da rádio nacional de Guiné Bissau, enquanto outros soldados mobilizaram-se nas ruas da capital, onde eram escutados disparos de foguetes, constatou um jornalista da AFP.
Uma dezena de militares armados entrou na emissora e forçaram a saída dos funcionários. Ao mesmo tempo, outros soldados mobilizaram-se pelas ruas de Bissau, ocupando a sede do partido no poder e a avenida da residência do primeiro-ministro em fim de mandato, Carlos Gomes Junior, em volta da qual foram lançados foguetes e disparos foram ouvidos. Pouco antes, a oposição de Guiné Bissau, dirigida por Kumba Yala, que deve enfrentar em 29 de abril no segundo turno da eleição presidencial o primeiro-ministro em fim de mandato Carlos Gomes Junior, havia pedido o boicote desse pleito.
Os cinco principais candidatos da oposição, entre eles Kumba Yala, pediram a seus militantes e simpatizantes "a não votar em 29 de abril" em nome da "justiça", durante coletiva de imprensa. "Qualquer um que se aventurar a fazer campanha assumirá a responsabilidade de tudo o que acontecer", ameaçou o ex-presidente Kumba Yala, que havia denunciado "fraudes massivas" no primeiro turno.
Na primeira etapa das eleições, ocorrida em 18 de março, Gomes Junior obteve 48,97%, enquanto Kumba Yala obteve 23,26%. A campanha eleitoral para o segundo turno deve começar nesta sexta-feira e acabar em 27 de abril.
Nos últimos dias, havia temores sobre atos de violência nesta ex-colônia portuguesa cuja história é marcada por vários golpes de Estado desde sua independência em 1974. O país também se tornou nos últimos anos rota fundamental do narcotráfico entre América do Sul e Europa.