Fort Meade - Um advogado defenderá a liberdade de imprensa nesta quarta-feira (11/4) perante um tribunal militar em Guantánamo - algo inédito nestes tribunais - para exigir a divulgação do testemunho de um saudita sobre os maus tratos que afirma ter recebido na base militar dos Estados Unidos em Cuba, informou um juiz.
Abd al-Rahim al-Nashiri, acusado de ser o cérebro do atentado contra o navio americano USS Cole, que deixou 17 mortos no ano 2000, compareceu nesta quarta-feira para uma audiência preliminar na base de Fort Meade (Maryland, leste dos Estados Unidos). Ele corre o risco de ser condenado à morte. Seus advogados anunciaram que a audiência sobre suas condições de detenção em prisões secretas da CIA entre 2002 e 2003 será feita a portas fechadas.
Al-Rahim al-Nashiri afirma ter sido submetido a duros interrogatórios, que incluíram o chamado submarino (imersão na água até o limite de afogamento), antes de ser transferido à base americana de Guantánamo, em Cuba. Sete veículos da imprensa americana, incluindo o New York Times e o Washington Post, exigiram que o depoimento de Nashiri seja divulgado em tempo real.
O advogado nova-iorquino que representará os detidos, David Shulz, intervirá para pedir que seja respeitada a primeira emenda da Constituição americana sobre a liberdade de expressão e de imprensa. A intervenção de um advogado que não representa as partes de um julgamento - neste caso para defender a liberdade de imprensa - é considerada inédita em um tribunal militar de exceção, considerou um especialista militar.
Em uma carta ao juiz do caso, James Pohl, Shulz argumentou que os maus tratos recebidos por Nashiri despertam "um grande interesse na opinião pública".