Jornal Correio Braziliense

Mundo

Pyongyang se prepara para a chegada ao poder de seu novo líder

Pyongyang - Pyongyang, a capital norte-coreana, prepara-se para celebrar a chegada ao poder de Kim Jong-Un no domingo (15/4), que coincidirá com o centenário de nascimento de seu avô Kim Il-Sung, herói fundador da República Popular Democrática da Coreia, que morreu em 1994.

Milhares de pessoas foram mobilizadas dia e noite por quase dois meses para limpar, reparar, pintar, decorar e dar uma aparência jovem à cidade antes desta grande cerimônia, que terá a presença de muitos dos quase três milhões de habitantes da capital. Nenhum detalhe foi divulgado sobre a organização das festividades de domingo, dia do nascimento de Kim Il-Sung, herói da luta contra os ocupantes japoneses e líder da Coréia do Norte de 1948 até sua morte, em 1994.

As músicas e danças, intercaladas com imagens vivas e desfiles de carros de flores, vão acontecer até a noite na imensa Praça Kim Il Sung. O clímax será o grande desfile militar, uma ocasião para o regime demonstrar sua força.

As celebrações serão observadas pelo novo número um norte-coreano Kim Jong-Un, que no domingo deve ser nomeado secretário-geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia (WPK) e presidente da Comissão de Defesa Nacional, os dois cargos supremos ocupados anteriormente por seu pai Kim Jong-Il, morto em dezembro passado aos 69 anos depois de liderar o país por mais de 17 anos.

Dezenas de jornalistas estrangeiros foram convidados para a ocasião e centenas de membros de grupos de amizade pró-Pyongyang.

No início da primavera, a cidade cortada pelo rio Taedong se veste da melhor maneira. Nas janelas dos prédios das principais avenidas da capital, as mulheres passam uma última camada de tinta nas fachadas descascadas. Nas ruas, trabalhadores cobrem os buracos como podem. Nos jardins e nas calçadas das avenidas, também são as mulheres que coletam o lixo. Há jardineiros que aparam as árvores e outros plantam.

No domingo, cerca de 30.000 ramos de flores Kimilsunia e Kimjongilia, nomes de dois ex-líderes, serão distribuídas em homenagem às Forças Armadas, aos órgãos do Partido e aos ministérios. Nos cruzamentos foram fincadas bandeiras vermelhas. Durante a noite, quando a maioria das ruas estiver mergulhada na escuridão, os contornos de prédios públicos serão iluminados com centenas de lâmpadas.

Na imensa Praça Kim Il-Sung, que pode receber até 100.000 pessoas, retratos de Marx e Lenin, que estavam na fachada oeste do Ministério do Comércio, foram removidos para dar lugar a duas bandeiras vermelhas em homenagem ao jovem líder. No lugar onde estava Lenin, uma faixa proclama: "Protejamos com nossas vidas o Comitê Central liderado pelo grande Kim Jong-Un". No lugar de Marx: "Nós apoiamos fortemente o grande líder Kim Jong-Un e o Comitê Central." Impossível saber se os dois retratos dos famosos ideólogos irão recuperar seu lugar. A referência ao marxismo-leninismo desapareceu da Constituição norte-coreana em 1998.

Do outro lado da praça, ao leste, um retrato gigante de Kim Il-Sung adorna a fachada do Ministério da Agricultura. Atrás do edifício, vários prédios residenciais foram construídos em poucos meses, um símbolo da modernização e do progresso do país, apesar do embargo imposto pelos países ocidentais. Durante todo o dia, milhares de meninos e meninas, alguns com roupas tradicionais, reúnem-se na praça para ensaiar os gestos e danças que serão executados no domingo.

A poucas centenas de metros da esplanada, na colina Jang Dae-Jae, dois imensos painéis mostram o presidente Kim Il-Sung e seu filho Jong-Il, depois de terem sido inaugurados na segunda-feira na presença de vários milhares de convidados.

Ao cair da noite, grupos de estudantes vão desfilar para colocar uma flor artificial aos pés das imagens. Mas, descendo a colina, eram poucos os transeuntes que observavam os antigos líderes.