Washington - Rick Santorum, que abandonou nesta terça-feira (10/4) a corrida pela indicação republicana às eleições presidenciais americanas, baseou a campanha na defesa de valores cristãos, conseguindo sucesso relativo nos Estados mais conservadores do país.
"A corrida terminou para mim", admitiu nesta terça-feira (10/4) , num discurso pronunciado em seu feudo da Pensilvânia e, como repetiu ao longo da campanha, agradeceu a Deus e "ao melhor país da história da Humanidade" pelo apoio recebido.
Santorum chegou a surpreender desde o início do processo de designação do candidato republicano para enfrentar Barack Obama em novembro, com uma vitória em Iowa (centro) em janeiro, e outras três em Colorado (oeste), Minnesota (norte) e Missouri (centro). As vitórias foram conseguidas nos Estados mais conservadores do "Velho Sul" ou no coração rural dos Estados Unidos.
Santorum, porta-voz dos valores cristãos e membro do Opus Dei, ex-Senador pela Pensilvânia, famoso pela intransigência, apresentava-se como político radical, disposto a agir "quando for necessário lançar bombas", reafirmando posições ultraliberais em matéria econômica. "Seu objetivo maior para os Estados Unidos era de restabelecer sua grandeza com a promoção da religião, da família e da liberdade", segundo um resumo de seu site de campanha, que o mostrava como um "conservador coerente em todos os aspectos, tanto nas palavras quanto nos atos".
Não escondia sua hostilidade ao casamento homossexual, ao aborto, mesmo nos casos de estupro, e à contracepção, condenando a liberdade de costumes. "Acho que esse comportamento é capaz de causar numerosas doenças sexualmente transmissíveis, além da gravidez não desejada, não sendo também sadio manter relações sexuais extraconjugais", afirmou recentemente.
Missa em Latim
Pai de sete filhos, Santorum, um católico fervoroso, casado há 21 anos e nascido em Winchester (Virgínia, leste), é filho de um imigrante italiano e mãe de origem ítalo-irlandesa. Depois do diploma de direito, exerceu a advocacia em Pittsburgh, a grande cidade industrial da Pensilvânia, até se tornar assistente parlamentar em Washington.
Amador de tênis, Santorum foi eleito pela primeira vez à Câmara de Representantes em 1990 com 32 anos, uma conquista republicana na Pensilvânia, um estado tradicionalmente democrata. Entrou para o Senado em 1995, sendo derrotado em 2006. No Congresso, destacou-se pela luta contra o direito ao aborto.
Em relação ao Irã, Santorum considera que o presidente Barack Obama mostra-se "ingênuo" ante as ambições nucleares de Teerã. Classificou o país do Oriente Médio como "uma teocracia radical que jurou destruir Israel e a civilização ocidental".
Numa longa biografia, publicada em 2005, a revista do The New York Times mostrou Santorum assistindo todos os domingos à missa celebrada em latim, nos suburbios de Washington.
Com lágrimas nos olhos, o próprio Santorum contou como teve que resolver, com a esposa, em 1996, a indução ao parto de um feto de 20 semanas, inviável. O casal chegou a velar o corpo do bebê morto durante toda a noite, apresentado-o aos outros filhos.