Washington - O cérebro autoproclamado dos atentados do 11 de Setembro, Khaled Sheikh Mohammed, e seus quatro supostos cúmplices serão formalmente acusados no sábado, 5 de maio, em um tribunal militar de Guantánamo (Cuba), anunciou nesta terça-feira (10/4) o Pentágono. O juiz militar James Pohl foi encarregado do caso e fixou como data para a leitura da ata de acusação o dia 5 de maio, às 09h locais em Guantánamo, segundo um comunicado da justiça militar. Essa data pode ser adiada caso haja uma solicitação dos advogados dos cinco acusados.
"Durante a audiência de 5 de maio, eu estabelecerei um calendário completo do procedimento neste caso", escreveu o juiz Pohl no documento datado de segunda-feira. Ele pediu aos advogados que submetam suas sugestões antes dessa data para elaborar um calendário que "satisfaça da melhor maneira possível todas as partes". O processo deverá durar vários meses. "Antes da sessão, o conselho deve discutir a melhor a agenda possível para todas as partes", disse.
O kuwaitiano Khaled Sheikh Mohammed, de 46 anos, mais conhecido por suas iniciais inglesas KSM, o iemenita Ramzi ben al-Shaiba, o paquistanês Ali Abd al-Aziz Ali e os sauditas Wallid ben Attach e Mustapha al-Hussaui, serão formalmente acusados de serem "responsáveis pela preparação e pela execução dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, Washington e Shanksville (Pensilvânia), que mataram 2.976 pessoas". Todos os cinco podem ser condenados à pena de morte.
Mohammed e seus supostos conspiradores estão presos há anos na penitenciária americana da Baía de Guantánamo, Cuba, enquanto uma batalha legal e política era travada sobre como e onde processá-los. O julgamento conjunto, daqui a meses, também será realizado na base americana em Cuba, onde o governo dos EUA criou comissões militares especiais para julgar suspeitos de terrorismo.
Depois de ele ser capturado nove anos atrás, Mohammed foi submetido diversas vezes à técnica de simulação de afogamento, condenada como tortura, e a outros métodos bárbaros de interrogatório. O tratamento dele sob custódia dos Estados Unidos gerou dúvidas sobre se suas declarações aos interrogadores serão mantidas em um julgamento, mas o testemunho de um antigo assessor pode resolver esse problema. Majid Khan, que já foi procurador de Mohammed, aceitou um acordo judicial com as autoridades dos EUA e testemunhará contra outros suspeitos de terrorismo.
Depois de tomar posse em 2009, Obama inicialmente tentou julgar Mohammed e seus quatro supostos cúmplices em um tribunal civil em Nova York, apenas a alguns passos do Marco Zero onde as torres gêmeas do World Trade Center caíram em 2001. A proposta, no entanto, desencadeou críticas e os inimigos republicanos do presidente no Congresso colocaram fim a esses planos, impedindo a transferência de suspeitos de terrorismo para os Estados Unidos.