Pequim - A militante chinesa Ni Yulan foi condenada a dois anos e oito meses de prisão e seu marido, Dong Jiqin, a dois anos, anunciou nesta terça-feira (10/4) o porta-voz de um tribunal de Pequim. Os dois ativistas eram acusados de prestar assistência legal a vítimas de desapropriações. Ni - que já esteve várias vezes na prisão - e Dong foram considerados culpados de "provocar distúrbios" e "destruir bens públicos e privados", em um processo sumário realizado em dezembro passado. Ni também foi acusada de fraude, o que lhe valeu seis meses na pena de prisão total.
Presente com vários diplomatas e jornalistas que não puderam entrar no edifício do tribunal, cercado por mais de 100 policiais, um representante da UE distribuiu um comunicado no qual o bloco afirma estar "extremamente preocupado" após a sentença e pede a libertação dos dois ativistas dos direitos humanos. A situação de Ni Yulan e seu marido é acompanhada de perto por Estados Unidos e UE, que com frequência abordam o caso nos contatos com a China. A filha do casal, Dong Xuan, que conseguiu entrar no tribunal, considerou a condenação "totalmente injusta".
A prisão do casal ocorreu em abril de 2011, quando dezenas de militantes tiveram sua liberdade limitada ou suprimida pelas autoridades, preocupadas com uma eventual propagação da revolta da Primavera Árabe. Ni e Dong, que deram ajuda legal a numerosas famílias vítimas de desapropriações na China, começaram a desafiar as autoridades em 2001, quando sua casa em Pequim foi demolida. Segundo a Anistia Internacional, Ni teve os joelhos e os pés quebrados durante sua prisão em 2002, e hoje se movimenta em uma cadeira de rodas.
Ni, que estudou Direito, foi condenada a um ano de prisão em 2002 por "obstrução de assuntos oficiais", sendo proibida de exercer a advocacia. Em 2008, recebeu mais dois anos de prisão por "danos a propriedade pública", quando tentava salvar a casa da demolição. Com 51 anos, Ni tem a saúde cada vez mais frágil.