Bogotá - Com diversos atos em todo o país, a Colômbia lembrou nesta segunda-feira (9/4) pela primeira vez o Dia da Memória e da Solidariedade às Vítimas, decretado em ocasião do assassinato, em 9 de abril de 1948, do líder liberal Jorge Eliécer Gaitán.
O presidente Juan Manuel Santos, que impulsiona uma lei de reparação das vítimas do conflito armado colombiano e de restituição de terras aos camponeses deslocados pela violência, liderou o ato principal na cidade de Villavicencio (110 km ao sul de Bogotá).
"A paz começa pelo reconhecimento das vítimas. Não se pode pensar que somos um Estado de direito, um Estado social, se não mantivermos nossas vítimas sempre em mente, em nosso coração, em qualquer decisão de política pública para que possam refazer suas vidas", disse Santos no ato. O presidente pediu solidariedade "aos que não são vítimas" e para aqueles que sofrem ameaças, "que denunciem".
A Colômbia, com quase meio século de conflito armado travado entre guerrilhas esquerdistas, paramilitares de extrema direita, organizações do narcotráfico e agentes do Estado, soma centenas de milhares de vítimas civis.
A lei para a reparação das vítimas, que entrou em vigor em 1; de janeiro, tem como objetivo indenizar as vítimas do conflito a partir de 1985 (cerca de 4 milhões de pessoas) e restituir terras a deslocados à força a partir de 1991 (cerca de 400.000 famílias). Mas desde que foi aprovada, vários líderes de deslocados foram assassinados.
Em memória das vítimas, suas fotos e nomes foram exibidos em uma instalação ao longo de vinte quadras da Carrera Septima, uma avenida no centro de Bogotá.
Em Medellín, segunda maior cidade da Colômbia, no noroeste, familiares de pessoas desaparecidas foram ao bairro periférico de La Escombrera para homenageá-los. Segundo a Defensoria do Povo, o crime de desaparimento forçado continua ocorrendo na Colômbia, com 4.173 registros em 2010 e 2.664 em 2011.
Ao anoitecer, a jornada será fechada na Praça Bolívar de Bogotá com apresentações musicais.