Ao contrário do que pode parecer, o problema não é falta de dinheiro. Com grandes reservas de petróleo, a principal fonte de renda é a exportação do recurso para a China e para os Estados Unidos. Os ganhos, porém, acabam voltando para a indústria petroleira, e há pouco investimento em outros setores da economia, uma prática suicida a longo prazo. ;Angola não recebe ajuda financeira de outros países por causa disso. O mundo percebeu que não há carência de dinheiro, mas sim de gerenciamento;, afirma Assis Malaquias, analista angolano do Africa Center for Strategic Studies.
PARA SABER MAIS
Angola e a longa busca pela paz
Os angolanos conheceram a guerra em 1962, quando forças políticas de todo o país se uniram para lutar pela independência de Portugal. O conflito terminou em novembro de 1975, mas foi imediatamente seguido pela eclosão de uma sangrenta guerra civil. Grupos que haviam brigado pelo fim da colonização portuguesa passaram a lutar entre si. O mais curioso é que os dois principais movimentos reproduziam, em território angolano, a polarizada briga entre Ocidente e Oriente.
De um lado, estava o Movimento Popular de Libertação da Angola (MPLA), apoiado pela União Soviética e por Cuba e, de outro, a União Nacional para Total Independência de Angola (Unita), que passou a se aliar aos Estados Unidos após o fim da dominação portuguesa. Os dois movimentos chegaram a assinar um acordo de paz em 1991, com a realização de eleições no ano seguinte. O pleito, indireto, deu vitória ao líder do MPLA, José Eduardo dos Santos, mas o chefe da Unita, Jonas Savimbi, não reconheceu o resultado e a guerra recomeçou.
Savimbi foi morto por soldados governistas em fevereiro de 2002 e, em abril, foi assinado o acordo de paz. O conflito matou 500 mil pessoas e deixou outras milhares feridas e mutiladas. A existência de minas terrestres foi um problema no país mesmo após o cessar-fogo. Outra dificuldade foi a reconciliação. A guerra civil era mantida por pessoas mais ricas, que aliciavam a população mais pobre para lutar ou trabalhar para os movimentos. Muitas vezes, vizinhos ou membros de uma mesma família eram inimigos.